Autor: Nolan Bushnell & Gene Stone
Editora: HSM
Ano: 2014
Páginas: 256
ISBN/EAN: 9-788567-389219
"A Flexibilidade é essencial. Aplique a mesma regra para todas as pessoas e circunstâncias e a única coisa que vai ter é um campo estéril e homogêneo. Nele a criatividade murcha e morre."
Nolan Bushnell é nada menos que o fundador da Atari. Quem tem mais de 40 anos (como eu) sabe o que isso significa. Em 1972 contratou Steve Jobs. Quem assistiu o filme Jobs com Aston Kusher (2013), Nolan é o cara que manda Steve tomar banho porque os colegas reclamam do seu odor. Lembrou?
Além da Atari, Bushnell fundou outras vinte e tantas empresas. Um empreendedor super influente no Vale do Silício e referência na historia dos video games.
Ajudado pelo famoso escritor e ghostwritter Gene Stone, Nolan resolveu escrever sobre como atrair pessoas criativas, horizontalizar a hierarquia e entender os criativos em sua Empresa em Encontre o próximo Steve Jobs.
A grande verdade, segundo Bushnell, é que não existe regra que se aplique a todas as pessoas. Saber Administrar exceções é essencial para cultivar a criatividade e a inovação por consequência. Esse é apenas um dos desafios de se encontrar e manter talentos criativos em sua empresa ou organização.
- Como atrair talentos criativos?
Ambiente de Trabalho é uma propaganda natural de sua Empresa. Comece pela página corporativa na internet, normalmente um site chato e blasé. Como vai atrair gente criativa quando um de seus cartões de visita diz que você é chato, retrógrado?
Se quer gente comum, média, mediana, medíocre, aparente ser assim. Mas se quer o contrário, sua aparência deve refletir isso.
"Gerenciar gente criativa é como criar gatos: eles não se prendem ao dono, mas ao lugar."
Steve Jobs quando trabalhou na Atari, segundo Bushnell, gostava de liberdade de horário e de trabalhar sozinho. Chegava tarde para poder trabalhar até de madrugada. Isso de início causou problemas com os colegas e com os sistemas de alarme de noite. Mas Bushnell aprendeu que assim Jobs conseguia criar livremente e era muito mais produtivo.
Priorize Paixão e Intensidade em detrimento de Formação e Credenciais. Muito difícil de identificar em uma entrevista de emprego, mas fácil uma vez que a pessoa ganha um desafio. Conhecimento e técnicas podem ser ensinadas, Paixão não. Um diploma de escola de renome não garante desempenho, apenas carga intelectual. Referências de experiências anteriores sim, podem ser um bom indicador de desempenho. Inúmeros dos melhores criativos apaixonados não chegaram a concluir a universidade: Steve Wozniak, Bill Gates, Mark Zuckerberg, Coco Chanel e o próprio Steve Jobs. Normalmente os criativos são também muito curiosos. Em um entrevista farão também muitas perguntas sobre a empresa ou mesmo coisas pessoais do entrevistador, dono da empresa ou chefe a quem se reportarão. Perguntar sobre seus hobbies também ajuda, pois neles estão boa parte de sua paixão. Logo, ao falar dos hobbies, a intensidade da paixão pode ser interpretada, principalmente se o hobby for complexo, consuma tempo e esforço. Só mesmo com paixão alguém consegue manter um hobby complexo. Misture tipos Loucos e Heterogêneos, fuja dos clones e homogêneos. Criatividade floresce nas diferenças e não nas semelhanças.
Cuidado com Impostores. Busque referências. Hoje todo currículo tem as mesmas palavras-chave (criativo, automotivado, trabalho em equipe, proativo, blá blá blá...). Fale com quem já trabalhou com o candidato. Acostume-se a perguntar "por que?" Enroladores decoram o jargão básico do QUE fazer, mas não sabem COMO. Pergunte.
- Como cultivar e reter talentos criativos?
Leve Anarquia. Quer manter um criativo alegre? Mantenha o ambiente alegre. Promova integração com pequenas festas, ou eventos descontraídos. Muitas excelentes ideias surgem quando a pressão pela tarefa some. Relaxadas, as mentes criativas permitem que boas ideias que estavam sendo pensadas em paralelo, no inconsciente, "flutuem", surjam. Outra forma de suavizar o ambiente, é a Horizontalização Organizacional. Estruturas de hierarquias rígida, comando-e-controle não funcionam com esse tipo humano. Títulos hierárquicos idem. Criativos gostam do respeito e de respeitar com base na sua Relevância no trabalho ou tarefa, não por seu título hierárquico. E sabem que essa relevância é meramente circunstancial. Hoje, nesse projeto você pode ser o 'bambambam'. Todos te prestam continência por seu conhecimento e capacidade de resolver problemas. Mas amanhã, em outro projeto, você pode ser apenas o cara que traz café para os relevantes, faz os prints ou confere erros de digitação. Saber conviver com esse poder circunstancial é básico no trato com os criativos. E se eles percebem que isso não acontece no ambiente (novamente a metáfora dos 'gatos'), abandonam o lugar.
Alimente a Justiça. Dar crédito para quem faz, quem tem a ideia. Porém cuidado para não dar poder de censura ao criador original, do contrário os demais não poderão sugerir melhorias e versões posteriores. O crédito é de quem fez, mas o poder de veto é coletivo.
Celebre o Fracasso. Sempre celebramos o sucesso e registramos a memória para uso futuro, os famosos casos de sucesso, referência, etc. Porém isso traz dois problemas: ocultar erros e pior, não aprender com eles. Portanto, casos de insucesso notório também precisam ser cultuados. Não pelo resultado, mas pelo aprendizado. Certamente podem ser de valia para evitar casos semelhantes futuros. Muita gente deixa de ser criativa por medo de dar sugestão, ou pior, de ser responsabilizado depois se a execução for mal feita. Isso cria um clima negativo de criatividade. Se todos se derem conta que o insucesso traz aprendizado e esse aprendizado precisa ser compartilhado, mais fácil entender que a falha é parte necessária de qualquer negócio. Obviamente que existem formas ótimas de errar: a custo baixo, sem consequências extremas, de baixo risco. Quando os erros ótimos não são punidos, encorajam os criativos a tomar riscos controlados, evitando que boas ideias morram de origem, apenas por medo.
Tenha Mentores. Normalmente um criativo não tem conhecimento de todos os processos da empresa, principalmente os burocráticos. Um mentor interno, um "mecenas da ideia", é necessário, para fazer a ideia caminhar pelos corredores da aprovação interna. E esse mentor não precisa ser um criativo, pelo contrário, um experimentado eficiente em processos internos. O trabalho dele é fazer a ideia caminhar, tirar as pedras do caminho.
Semeie Desafios. Independente de quem esteja envolvido no projeto, avise todos que a organização tem um time trabalhando em um determinado desafio. Criativos em geral tomam isso como um oportunidade extra, mesmo que não seja de sua área e passam a pensar no tema como um quebra-cabeça. Acabam sempre tendo alguma ideia diferente que pode colaborar com o time responsável.
Fale a língua dos criativos. Se você não é expert no tema, mas precisa interagir com os criativos da área, antes estude o linguajar. Criativos tendem a te ignorar quando percebem que você não percebe e eles não tem tempo a perder contigo explicando o que para eles é obvio. Querem sim, tomar o tempo explicando o novo, a descoberta, a criação. Quando o gerente vira aluno, ganha respeito dos criativos.
Neutralize os Negativos. Sempre fácil rejeitar uma ideia achando que não vai dar certo. Principalmente verbalmente, quando a velocidade do feed-back parece mais importante que a fundamentação. Quando uma ideia é muito rejeitada, sugira que o feed-back negativo seja dado por escrito para fins de registro e aprendizado posterior. Ao ter de justificar a negativa por escrito, deixando evidência e tendo de apresentar argumentos lógicos ou números, normalmente o crítico tende a aliviar ou deixar brechas para a ideia prosseguir, isso quando não mudam de ideia totalmente.
Flexibilize Processos. Muitas vezes a burocracia impede a ideia ou reação acontecer no tempo certo. Se o custo for baixo, permita exceções e 'atalhos' eventuais. Ter processos não é ruim, mas ter processos que impedem o avanço, é muito ruim.
Em resumo, é o Ambiente (o terroir) que traz boas vinhas. Cuide dele primeiro, que naturalmente boas 'sementes' virão até você.
Excelentes pontos e dicas em 'Encontre o próximo Steve Jobs' de Nolan Bushnell.
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Nolan Bushnell é nada menos que o fundador da Atari. Quem tem mais de 40 anos (como eu) sabe o que isso significa. Em 1972 contratou Steve Jobs. Quem assistiu o filme Jobs com Aston Kusher (2013), Nolan é o cara que manda Steve tomar banho porque os colegas reclamam do seu odor. Lembrou?
Além da Atari, Bushnell fundou outras vinte e tantas empresas. Um empreendedor super influente no Vale do Silício e referência na historia dos video games.
Ajudado pelo famoso escritor e ghostwritter Gene Stone, Nolan resolveu escrever sobre como atrair pessoas criativas, horizontalizar a hierarquia e entender os criativos em sua Empresa em Encontre o próximo Steve Jobs.
A grande verdade, segundo Bushnell, é que não existe regra que se aplique a todas as pessoas. Saber Administrar exceções é essencial para cultivar a criatividade e a inovação por consequência. Esse é apenas um dos desafios de se encontrar e manter talentos criativos em sua empresa ou organização.
- Como atrair talentos criativos?
Ambiente de Trabalho é uma propaganda natural de sua Empresa. Comece pela página corporativa na internet, normalmente um site chato e blasé. Como vai atrair gente criativa quando um de seus cartões de visita diz que você é chato, retrógrado?
Se quer gente comum, média, mediana, medíocre, aparente ser assim. Mas se quer o contrário, sua aparência deve refletir isso.
"Gerenciar gente criativa é como criar gatos: eles não se prendem ao dono, mas ao lugar."
Steve Jobs quando trabalhou na Atari, segundo Bushnell, gostava de liberdade de horário e de trabalhar sozinho. Chegava tarde para poder trabalhar até de madrugada. Isso de início causou problemas com os colegas e com os sistemas de alarme de noite. Mas Bushnell aprendeu que assim Jobs conseguia criar livremente e era muito mais produtivo.
Priorize Paixão e Intensidade em detrimento de Formação e Credenciais. Muito difícil de identificar em uma entrevista de emprego, mas fácil uma vez que a pessoa ganha um desafio. Conhecimento e técnicas podem ser ensinadas, Paixão não. Um diploma de escola de renome não garante desempenho, apenas carga intelectual. Referências de experiências anteriores sim, podem ser um bom indicador de desempenho. Inúmeros dos melhores criativos apaixonados não chegaram a concluir a universidade: Steve Wozniak, Bill Gates, Mark Zuckerberg, Coco Chanel e o próprio Steve Jobs. Normalmente os criativos são também muito curiosos. Em um entrevista farão também muitas perguntas sobre a empresa ou mesmo coisas pessoais do entrevistador, dono da empresa ou chefe a quem se reportarão. Perguntar sobre seus hobbies também ajuda, pois neles estão boa parte de sua paixão. Logo, ao falar dos hobbies, a intensidade da paixão pode ser interpretada, principalmente se o hobby for complexo, consuma tempo e esforço. Só mesmo com paixão alguém consegue manter um hobby complexo. Misture tipos Loucos e Heterogêneos, fuja dos clones e homogêneos. Criatividade floresce nas diferenças e não nas semelhanças.
Cuidado com Impostores. Busque referências. Hoje todo currículo tem as mesmas palavras-chave (criativo, automotivado, trabalho em equipe, proativo, blá blá blá...). Fale com quem já trabalhou com o candidato. Acostume-se a perguntar "por que?" Enroladores decoram o jargão básico do QUE fazer, mas não sabem COMO. Pergunte.
- Como cultivar e reter talentos criativos?
Leve Anarquia. Quer manter um criativo alegre? Mantenha o ambiente alegre. Promova integração com pequenas festas, ou eventos descontraídos. Muitas excelentes ideias surgem quando a pressão pela tarefa some. Relaxadas, as mentes criativas permitem que boas ideias que estavam sendo pensadas em paralelo, no inconsciente, "flutuem", surjam. Outra forma de suavizar o ambiente, é a Horizontalização Organizacional. Estruturas de hierarquias rígida, comando-e-controle não funcionam com esse tipo humano. Títulos hierárquicos idem. Criativos gostam do respeito e de respeitar com base na sua Relevância no trabalho ou tarefa, não por seu título hierárquico. E sabem que essa relevância é meramente circunstancial. Hoje, nesse projeto você pode ser o 'bambambam'. Todos te prestam continência por seu conhecimento e capacidade de resolver problemas. Mas amanhã, em outro projeto, você pode ser apenas o cara que traz café para os relevantes, faz os prints ou confere erros de digitação. Saber conviver com esse poder circunstancial é básico no trato com os criativos. E se eles percebem que isso não acontece no ambiente (novamente a metáfora dos 'gatos'), abandonam o lugar.
Alimente a Justiça. Dar crédito para quem faz, quem tem a ideia. Porém cuidado para não dar poder de censura ao criador original, do contrário os demais não poderão sugerir melhorias e versões posteriores. O crédito é de quem fez, mas o poder de veto é coletivo.
Celebre o Fracasso. Sempre celebramos o sucesso e registramos a memória para uso futuro, os famosos casos de sucesso, referência, etc. Porém isso traz dois problemas: ocultar erros e pior, não aprender com eles. Portanto, casos de insucesso notório também precisam ser cultuados. Não pelo resultado, mas pelo aprendizado. Certamente podem ser de valia para evitar casos semelhantes futuros. Muita gente deixa de ser criativa por medo de dar sugestão, ou pior, de ser responsabilizado depois se a execução for mal feita. Isso cria um clima negativo de criatividade. Se todos se derem conta que o insucesso traz aprendizado e esse aprendizado precisa ser compartilhado, mais fácil entender que a falha é parte necessária de qualquer negócio. Obviamente que existem formas ótimas de errar: a custo baixo, sem consequências extremas, de baixo risco. Quando os erros ótimos não são punidos, encorajam os criativos a tomar riscos controlados, evitando que boas ideias morram de origem, apenas por medo.
Tenha Mentores. Normalmente um criativo não tem conhecimento de todos os processos da empresa, principalmente os burocráticos. Um mentor interno, um "mecenas da ideia", é necessário, para fazer a ideia caminhar pelos corredores da aprovação interna. E esse mentor não precisa ser um criativo, pelo contrário, um experimentado eficiente em processos internos. O trabalho dele é fazer a ideia caminhar, tirar as pedras do caminho.
Semeie Desafios. Independente de quem esteja envolvido no projeto, avise todos que a organização tem um time trabalhando em um determinado desafio. Criativos em geral tomam isso como um oportunidade extra, mesmo que não seja de sua área e passam a pensar no tema como um quebra-cabeça. Acabam sempre tendo alguma ideia diferente que pode colaborar com o time responsável.
Fale a língua dos criativos. Se você não é expert no tema, mas precisa interagir com os criativos da área, antes estude o linguajar. Criativos tendem a te ignorar quando percebem que você não percebe e eles não tem tempo a perder contigo explicando o que para eles é obvio. Querem sim, tomar o tempo explicando o novo, a descoberta, a criação. Quando o gerente vira aluno, ganha respeito dos criativos.
Neutralize os Negativos. Sempre fácil rejeitar uma ideia achando que não vai dar certo. Principalmente verbalmente, quando a velocidade do feed-back parece mais importante que a fundamentação. Quando uma ideia é muito rejeitada, sugira que o feed-back negativo seja dado por escrito para fins de registro e aprendizado posterior. Ao ter de justificar a negativa por escrito, deixando evidência e tendo de apresentar argumentos lógicos ou números, normalmente o crítico tende a aliviar ou deixar brechas para a ideia prosseguir, isso quando não mudam de ideia totalmente.
Flexibilize Processos. Muitas vezes a burocracia impede a ideia ou reação acontecer no tempo certo. Se o custo for baixo, permita exceções e 'atalhos' eventuais. Ter processos não é ruim, mas ter processos que impedem o avanço, é muito ruim.
Em resumo, é o Ambiente (o terroir) que traz boas vinhas. Cuide dele primeiro, que naturalmente boas 'sementes' virão até você.
Excelentes pontos e dicas em 'Encontre o próximo Steve Jobs' de Nolan Bushnell.
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