Autor: Seth Godin
Tradução de: Poke the Box
Editora: Agir
Ano: 2012
Páginas: 118
ISBN/EAN: 9-788522-013098
Avaliação < / >. : ««««¶
"Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?"
nos instiga o autor.
Seth Godin é na atualidade um dos mais profícuos autores de temas de Marketing e Empreendedorismo e seu blog (http://sethgodin.typepad.com) um dos mais visitados do gênero.
Poke the Box (algo como "cutuque a caixa" em tradução livre) finalmente chegou ao Brasil como 'Quebre as Regras e Reinvente' e trata exatamente de Empreendedorismo e acima de tudo, o 'começar'. O livro não tem uma narrativa linear e, montado como se posse um blog, cheio de posts curtos sobre temas e abordagens diversas em torno de 'começar' e 'empreender', pode ser lido absolutamente em qualquer ordem. Escrito de forma direta e super simples de compreender, é leitura rápida e agradável, ideal para levar naquela sua viagem rápida, a negócios ou não, uma boa 'companhia' em avião.
A forma com que Godin nos passa a mensagem é fazendo-nos pensar. Você lê todos os "post" do livro como em um mosaico que o fazem pensar e concluir algumas coisas.
Pude concluir a seguinte mensagem: o mundo da industrialização nos levou nesse último século a uma sociedade da "média" e do "padrão". A industria requer tempos e movimentos calculados, padronizados. Tudo deve ser executado em um padrão seguindo uma média. Abaixo da média, a produção atrasa, acima da média, você gera "gargalo" na próxima etapa. Portanto, nos últimos tempos as escolas prepararam cidadãos-padrão, apenas medianos. Abaixo, não performam. Acima, complicam. Isso teve um efeito "achatador" na sociedade, principalmente na limitação da criatividade e da iniciativa. Porém, vivemos hoje a aurora de uma época diferente. Em que o trabalho padronizado está cada vez mais a cargo de máquinas, físicas ou virtuais. O real lugar do ser humano nessa nova sociedade estará cada vez mais no trabalho criativo e flexibilizado, que requer iniciativa e empreendedorismo. Portanto para empreender, devemos de uma forma ou de outra, COMEÇAR.
Ok que minhas conclusões podem (devem!) estar "contaminadas" com conceitos prévios meus, de outros livros e experiências, mas certamente o livro serviu de excelente amálgama para sedimentá-los (provavelmente).
Godin explica diversas facetas do começar: por que temos medo de começar; por que não temos disciplina em terminar; por que a sociedade sempre premiou a inovação, mas sempre criticou a iniciativa; por que fomos ensinados a temer o risco e buscar o conforto do padrão.
Abaixo algumas idéias do livro:
. Status Quo - trabalho não é chegar nele, mas inventá-lo.
. Medo - está impregnado em nós. Somos medrosos por natureza (por isso ainda estamos vivos!). Está em nosso cérebro pré-histórico, instinto de autopreservação. Evitar o risco, proteger-nos. "Em caso de dúvida... procure o medo. Ele é quase sempre a fonte de sua dúvida".
. Trabalho - mesmo os gênios, sempre trabalharam muito. Esteja presente, trabalhe por mais criativo e brilhante que possa se sentir. Os criadores mais férteis também eram (são) árduos trabalhadores. Muita tentativa e muito erro são a fonte da criatividade genial.
. Erros - cometa grandes erros. Normalmente os grandes erros são frutos de grandes empreitadas e suas lições não são menos grandes, sem dúvida. Mesmo que não dê em nada de início, grandes erros poupam muitos pequenos erros no futuro. Importante é aprender com os erros. E os grandes erros são os melhores "professores". "A mudança é algo poderoso, mas vem sempre com o fracasso como companheiro". Mas nossa sociedade exagera o custo de estar errado. "O custo de estar errado é menor que não fazer nada". Em longo prazo, a pessoa que mais fracassos tem, também é a que mais sucessos tem, porque começa! São raríssimos os casos de sucesso nas primeiras tentativas. O fracasso no final das contas é o segredo do sucesso (!).
. Qualidade - "bom o suficiente" não é sinal de qualidade. Aliás, é. Mas qualquer fábrica na China poderá em breve fazer com igual qualidade "boa o suficiente" o que você faz, a um custo menor. "Zero defeito" não é diferencial. O consumidor de hoje espera isso como padrão. Para se destacar, precisa de iniciativa, que trás consigo erro e defeito. "Zero defeito" é "iniciativa zero". Quer fazer algo "melhor", assuma que pode ter defeitos... no início. Depois corra para eliminar esses defeitos. "Pare de esperar por mapas. A nova sociedade recompensa quem os cria, não quem os segue".
. Obediência - aprendemos que ser obediente é mais fácil. Por outro lado, nos deixa à mercê da estagnação. Longas são as listas do que não é permitido fazer. Mas a lista das coisas permitidas é muito difícil de ser lembrada e na dúvida, as pessoas não fazem nada. A sociedade industrial precisava da obediência. A nova sociedade já tem isso das máquinas. Dos seres humanos espera OUTRAS coisas!
. Administrar - começar não significa controlar. Controlar é Administrar. Conceitos distintos. Ao iniciar, não comece com Administradores, comece com Iniciadores. Depois contrate os Administradores para fazer a "parte chata" e deixá-lo livre para começar outras coisas.
. Crescimento - empresas e instituições podem crescer muito apenas nos primeiros 5 anos. Depois disso crescem, mas não muito. Porque atingem uma certa estabilidade em que não querem mais assumir riscos, começam a "administrar", substituir pessoas, rever custos, padronizar procedimentos e perdem a capacidade de empreender e portanto "começar". Só conseguem continuar crescendo muito, as organizações que aprenderam a "quebrar regras" seguidamente, que começam repetidas vezes.
. Começar e Terminar - começar é o dom e o tom do empreendedor. Empreendedores são iniciadores por natureza. Mas terminar é na verdade parte do começar. Um começo sem término não é um começo, é só um hobby.
Falando em terminar, o livro fecha com uma citação budista interessante:
"Há dois erros que alguém pode cometer no caminho para a Verdade:
Não COMPLETAR o caminho e não COMEÇAR." - Siddhartha Gautama
Este livro está entre meus Recomendados sobre Empreendedorismo. Confira a lista aqui.
Veja mais ideias do autor em seu blog e twitter.
Veja mais ideias do autor em seu blog e twitter.
Leia também resenhas de 2 de seus premiados livros:
. A Vaca Roxa (seu livro mais conhecido)
< / >
Achei bacana o post, bem interessante. Mas, percebi que existem 2 conceitos mal utilizados. O que é entendível já q o tema é Marketing e esse ramo conhece pouco ou nada sobre administração de produção e operações.
ResponderExcluirSe executa coisas segundo um padrão e uma média não pq limita-se a criatividade e iniciativa. Mas, para utilizar economicamente e racionalmente (= menos desperdícios) os recursos limitados que a indústria dispõe para atender as demandas e oportunidades ilimitadas do mercado. O padrão é extremamente importante, pricipalmente para avaliar como se está em relação à ele. Sem padrão, qq resultado é bom...ou ruim.
Zero defeito = iniciativa zero. Não é bem assim... p.ex, um processo cujo nível de qualidade é menor ou igual a seis sigma, tem 99,999660 % de conformidade, ou seja, 3,4 defeitos por milhão (ppm). Para se chegar lá é preciso muita inciativa, mais ainda para manter-se. E nem chegamos ao zero...
Excelente ponto!
ExcluirVale uma repassada sob duas ópticas:
1. mais focada em PRODUÇÃO em si. Sem a menor dúvida, exatamente para se chegar a padrões de qualidade, é necessário iniciativa e inovação em PROCESSOS de qualidade. E sem dúvida, sem um padrão, não existe qualidade e portanto são afetadas as vendas, receitas, etc.
E é nesse ponto que entendo que seu comentário aborda super bem.
2. mais focada em ESTRATÉGIA em si. Ingenuamente muitas empresas e profissionais acabam entendendo que basta ter qualidade mínima ou atender o padrão que "estão na briga" e portanto vão vender, gerar receita, lucro, etc. O que necessariamente ERA verdade na economia do séc.XX (economia da escassez), mas não necessariamente é verdade no início e no desenrolar desse séc.(economia da abundância).
Mas como a maioria dos profissionais maduros de hoje - nós incluídos(!?) foram formados (ou de-formados, re-formados, con-formados, ...) nos paradigmas do sec.passado, sob todo esse estigma do "medo e padrão", muito se podou do instinto empreendedor e criador nato ao ser humano, ao menos para a ampla maioria dos profissionais e cidadãos maduros de hoje.
É mais nesse sentido que o Autor se refere ao colocar "defeito zero = iniciativa zero". Que o comportamento "dentro do padrão" inibe a iniciativa, que na verdade, nada mais é, que a busca por um NOVO padrão (melhor, espera-se).
Não sei ajudei a esclarecer ou se compliquei um pouco mais...
Valew.
Abraço e grato mais uma vez por comentar e trazer outra óptica à tona e ao tom do assunto.
:)
< / >.
Estou ansioso para ler esse livro. Se estiver em PDF me envie por favor. Agradecido e ótimo post!
ResponderExcluirGrato Plínio!
ExcluirInfelizmente não tenho um .PDF do livro. Li ainda em versão impressa.
Dá para encontra-lo a venda nas livrarias.
Boa sorte e boa leitura.
E sucesso!
:)
Excelente Post, e por coincidência encontrei meu amigo Plinio por aqui hshshs, que mundo pequeno em? kkkkk
Excluir