O Sniper que não acertava o Alvo

   

Uma curta e interessante história de Inteligência Emocional em combate.

Final dos anos 1960. Guerra do Vietnam. Durante mais de  3 meses as forças Norte Vietnamitas mantiveram um cerco à base de Fuzileiros americanos - Marines - na localidade de  Khe Sanh.

Alternando ataques noturnos, os vietnamitas procuravam manter os americanos cansados durante o dia, impedindo-os de descansar, inquietando-os com tiros de um sniper (franco-atirador). Invariavelmente, após alguns dias atirando e matando ou ferindo marines, o sniper vietnamita era localizado pelos observadores americanos que então dirigiam fogos para sua posição matando-o. Em seguida o comando vietnamita destacava outro atirador para substituir o companheiro anterior, morto e os tiros recomeçavam. Essa rotina repetia-se dias a fio.

Em um determinado dia, os americanos, se deram conta que o sniper em posição na última semana passava o dia todo atirando, no entanto não se reportava baixa alguma, nem mortos nem feridos. Os marines continuavam deslocando-se pela base sitiada com cautela de costume, no entanto, a despeito da carga diária de tiros do sniper, ninguém era alvejado. Chegavam a fazer piada com a acuracidade da pontaria do atirador. Miope? Estrábico? Como de costume, mais dia menos dia, os observadores localizaram o "ninho" do atirador. Comunicado da posição do atirador o Capitão responsável pela defesa daquele setor ponderou por alguns instantes. Um jovem recruta lhe disse: "Se o matarmos como nos casos anteriores, outro sniper será escalado em seu lugar e as baixas americanas recomeçarão." Seguramente o sniper estava reportando baixas ao seu comandante e provavelmente vangloriando-se da sua formidável camuflagem. "Então: matamos ele ou não?" 

Decidido a mostrar ao sniper que compreendera sua ação e intenções, o Capitão determinou que não fossem disparados tiros em direção do sniper. E assim seguiram-se os dias. De noite os vietnamitas atacavam os americanos. De dia o sniper atirava sem causar baixas nem ser atingido pela artilharia. 

E o sniper sobreviveu até o final do cerco, mais de dois meses depois.

Seus disparos mantinham os americanos inquietos, mesmo sabendo que ele não atirava "para matar", ninguém queria correr o risco. Portanto o sniper cumpriu sua missão. 

Já os americanos sabiam que um atirador morto a mais ou a menos, não faria diferença, e resolveram manterem-no vivo já que não oferecia risco real.

(Fonte: relato do então Capitão William Dabney para "Corpos de Elite",1985, Ed. Globo, vol.I, pg.227)

Ensinamento
"Em algumas ocasiões, para sobrevivermos, melhor atirar, mas não acertar o alvo."

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