Autor: Nicholas Carr
Tradução de: The Big Switch
Editora: Landscape
Ano: 2008
Páginas: 254
ISBN/EAN: 9-788577-750665
Antes de mais nada, não confundir com "A Grande Mudança" (The Big Moo) editado por Seth Godin, livro que trata de Marketing e Estratégia.
Seguindo o polêmico 'Does IT matter?' ( Será que TI é Tudo? ) de 2006, Nicholas Carr nos brinda em 2008 com outro livro não menos surpreendente.
No final do séc. XIX, toda energia elétrica usada pelas indústrias tinha de ser gerada por elas mesmas. Da mesma forma, antes disso, todo o vapor necessário para mover as máquinas também tinha de ser gerado nas próprias fábricas. Ou seja, não dominar a eletrotécnica - a geração de energia - significava fracasso industrial, qualquer que fosse o produto fabricado.
De repente, no inicio do séc.XX, a energia elétrica passou a ser fornecida, não somente às indústrias, mas também residências, além de logicamente os locais públicos. Grandes fornecedoras estatais - depois privadas - passaram a fornecer eletricidade padronizada, com qualidade e quantidade e a custos mais acessíveis que gerá-la por conta.
Ok. Isso tudo é passado, é história.
Pois bem. Agora imagine a seguinte situação: ao invés de ter de gerar e gerir toda uma infraestrutura de TI interna à empresa, tanto hardware quanto software, simplesmente ter e operar terminais simples, sem grande capacidade de processamento, nem grande memória, mas com boa interface com usuário e conectadas a uma rede, e toda sua infraestrutura de TI estar FORA da empresa, servida por meio de uma prestadora de serviço grande e onipresente. Como se toda sua TI fosse como eletricidade hoje: basta conectar na tomada. Ou de repente nem isso, devido às diversas tecnologias de conexão em fio.
Pois é o que sugere Nicholas Carr em A Grade Mudança. Aliás novamente fazendo trocadilho no título em inglês 'The Big Switch' (Switch = mudança; ou = Comutador). Ou seja, as empresas teriam apenas terminais "bobos", apenas para acesso, conectados à "Operadora de TI" e toda a infraestrutura - com servidores, softwares, ERPs, aplicações, armazenamento, TUDO - fosse fornecida como um "serviço", totalmente terceirizada. Garantia de performance, back-ups, up-dates e up-grades automáticos, sem necessidade de interferência sua.
À primeira vista, parece um pouco esquisito, improvável. Terceirizar não só o processamento de TI, mas também deixando na mão de externos estranhos seus preciosos dados, essenciais ao sucesso do seu negócio. Sem contar as questões de privacidade e confidencialidade. Carr lembra que cem anos atrás também assim pensavam os industriais ao cogitar terceirizar a geração de eletricidade, tão essencial ao processo produtivo na época - e também hoje!
Carr defende que o tão falado Cloud Computing (Computação nas "Nuvens") vai avançar de uma tal maneira, que mesmo os mais importantes, parrudos e caros sistemas de TI vão poder virar commodities e serem fornecidos por terceiros como um serviço básico, como eletricidade, água, esgoto, aquecimento, tv, etc.
Esses provedores de TI podem ou não ser os mesmos de acesso à internet, dependendo apenas da estratégia dessas operadoras.
Passaremos a ver gigantescos - ou nem tanto - Data Centers contectados à residências, fábricas e escritórios, processando de fora toda sua necessidade de TI. E os usuários vão acessar sua TI contratada através dos mais diversos, mas simples dispostivos, de acordo com a situação e conveniências desejadas, necessárias.
No final do mês receberemos junto com a conta de telefone, luz, água e esgoto, tv a cabo, internet, a conta de "consumo de TI". Os serviços vão poder ser contratados sob demanda, por pacotes fechados de sistemas disponíveis ou efetivamente usados no período, por memória externa ocupada, por processamento usado ou banda ocupada. Enfim, uma variedade de possibilidades.
Um novo negócio vai surgir: Operadoras de TI.
Dificil imaginar? ou de repente aceitar?
O maior obstáculo dessa Grande Mudança certamente não é Tecnológica, senão Cultural.
Você decide se numa determinada tarde no escritório, o seu Tablet PC (comprado barato) vai atuar como simples terminal de acesso à internet ou se vai movimentar todo um web-ERP on-demand atrás das "cortinas" usando sua Operadora de TI predileta como se fosse hoje um pay-per-view.
Já imaginou?
Não? Talvez você esteja sonhando na "nuvem" errada...
Saiba mais sobre o Autor no site dele: http://www.roughtype.com/
(em inglês)
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