Autenticidade - Bill George

   
Título: Autenticidade
Autor: Bill George & Peter Sims
Tradução de: True North
Editora: Saraiva
Ano: 2007
Páginas: 264
ISBN/EAN: 9-788502-147072

Executivo e acadêmico de Harvard, Bill George começou sua carreira no Depto Defesa do governo norte-americano, mas foi na Meditronic que como COO & Presidente teve seus melhores insights sobre liderança. Hoje, George faz parte do conselho de empresas como Exxon, Goldman Sachs, Target & Novartis e tem diversas premiações tanto como executivo quanto como acadêmico da área de Liderança. True North (Autenticidade, 'Norte Verdadeiro' na tradução literal) escrito com Peter Sims é seu livro mais conhecido.

A Liderança verdadeira vem da Autenticidade de princípios.

Esse é conceito central do livro, fruto de uma sequência de 125 entrevistas que o prof. George fez com líderes empresariais de primeira linha.

George estipula as 5 dimensões que moldam os líderes autênticos:

1. Causa com Paixão - quais são suas paixões? Essas paixões normalmente dão a tônica de sua liderança. 

2. Valores Sólidos na prática - fazem o que dizem. "Walk the talk".

3. Liderança com coração - o que encoraja mais as pessoas são os líderes que demonstram paixão por causa, compaixão e empatia com pares e subordinados. Se o time percebe que o líder não tem coração, sua autoridade será fria como seu cartão de visita ou crachá. Nada motivante.

4. Relações duradouras - hoje as pessoas querem conhecer melhor seus líderes antes de segui-los. Pessoas superficiais dificilmente estimulam boas relações.

5. Autodisciplina - exigir dos outros é muito fácil. Mostrar-se disposto a dar o exemplo ou submeter-se às mesmas agruras nas crises é o que demonstra disciplina confiável.


Ele também identifica os 5 tipos de desvios de liderança que levam ao fracasso, pois fazem dos líderes, heróis de suas próprias jornadas apenas:

1. Impostores - falta-lhes autoconhecimento e auto-estima. Fogem das responsabilidades, incapazes de tomarem decisões. Procrastinadores excepcionais.

2. Racionalizadores - fogem da responsabilidade. Tudo é culpa dos outros, forças externas ou pior, os próprios subordinados. Raramente dão a cara ao tapa.

3. Sedentos por glória - querem ser aclamados. Fama, glória, dinheiro são o mais importante.

4. Solitários - não confundir com introvertidos. Solitários são os que evitam os relacionamentos mais profundos, ficam na superficialidade com sua equipe e raramente constroem seu time de suporte.

5. Sonhadores - querem dar o "tiro longe". Falta-lhes "pé-no-chão". Não tem tempo para a família, amigos, dormir ou exercitarem-se. Nunca aprendem com seus próprios erros.

Ele conclui que líderes autênticos aprendem a substituir o "eu" pelo "nós" e que dando poder (empowerment) e oportunidade de liderança a seus liderados, o time se reforça e ganha rumo.

Até ai, Ok. Mas a pergunta que fica é: 
Então como desenvolver a própria Liderança Autêntica?

Segundo os estudos de Bill George, são 5 os fatores que desenvolvem uma Liderança Autêntica:

1. Autoconhecimento - importantíssimo saber nossos próprios limites. Somos defensivos instintivamente, para proteger nossos pontos fracos. Sabendo que são pontos de difícil desenvolvimento, mais que escondê-los, melhor assumi-los e considerar usar apoio ou ajuda. 

2. Valores & Princípios - não existe certo ou errado em Valores. O que existe é se você tem ou acredita e pratica um Valor ou não. Importante saber quais valores e princípios norteiam suas ações. A forma mais fácil de conhecê-los é observar quando agimos sob pressão ou crise. Não adianta fingir ser uma coisa que não se é. Nos momentos críticos seus reais valores e princípios vão aflorar. E se forem diferentes dos que você tenta transmitir em situações sem stress, logo vai ficar claro aos demais que seus valores são outros logo você perde qualquer confiança. Entenda seus reais valores e princípios, sejam eles quais forem, e viva sob esses princípios. A transparência em valores e princípios é fundamental para desenvolver Liderança. O time sabe o que esperar de você. E isso mais importante que palavras de ordem e encorajamento vazios. E obviamente quando a empresa ou instituição onde você trabalha tem valores e princípios similares tudo fica mais fácil. Do contrário, honestamente melhor buscar outro lugar para contribuir. Algumas empresas já estão substituindo os sistemas de bônus MBO (Management by Objetives - gestão por objetivos) por LBV (Leading by Values - liderança por valores).

3. Motivação - todos somos motivados por dois grupos de estímulos: externos (dinheiro, poder, reconhecimento, status, todos mensurados por outros) e internos (crescimento pessoal, satisfação, causa, sinceridade, sentimento de fazer a diferença, mensurados por nós mesmos). Não se deixe enganar pelos estímulos externos. Eles são passageiros e quanto mais sedemos a eles mais ficamos cativos da situação. Por melhor que seja o bônus financeiro, no limiar, podemos ficar "vendidos" a situações sem volta. Jamais negligencie seus motivadores internos. No final das contas - e da vida - eles darão significado à sua felicidade pessoal. Movido por estímulos externos você não transmite autenticidade a ninguém. Para saber mais sobre motivação intrínseca (interna) e extrínseca (externa) sugiro a leitura de Drive de Daniel Pink.

4. Equipe de Suporte - todos precisamos de suporte que deve vir de amigos, família, esposo, mentor, aquela pessoa com a qual você pode ser 100% transparente e vulnerável. Conhecendo você a fundo, ela tem a melhor chance de apoia-lo com eficiência. Além de desenvolver em você o hábito da transparência. Não ter alguém de suporte é extremamente danoso à qualquer candidato a líder.

5. Vida Integrada - líderes que não tem vida pessoal estável e feliz não inspiram confiança de ninguém. A visão do chefe workaholic que não tem tempo para sua saúde pessoal nem para sua família não inspira senão desconfiança de seu time. Fica a sensação que o chefe quer estender sua 'maldição' ao time. Fazer de todos infelizes trabalhadores incansáveis. Ter vida pessoal, atividade esportiva, preocupação espiritual, demonstra uma vida normal. Pessoas normais inspiram pessoais normais.

Uma das empresas que pratica muito do que prega Bill George, é a GE (General Electric), que depois da gestão inovadora de Jack Welch (um dos entrevistados do livro) por duas décadas, passou a ser conhecida como "Celeiro de CEOs", dado que muitos de seus executivos de primeira linha, acabaram sendo CEOs de importantes empresas.


A conclusão é que o "Norte Verdadeiro" é dado pela linha que se estabelece entre nosso Autoconhecimento e nossos Valores e Princípios.

:)

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5 Graus de Engajamento de Empregados e de Clientes

   

Quanto mais engajados e comprometidos seus Empregados, mais estarão também seus Clientes.

OK. Esse conceito já ficou intuitivo. 

No entanto, Philip Kotler em seu último livro Marketing de Crescimento (2013) esmiuçou os 5 graus de envolvimento que Empregados e também Clientes pode estar.

Segundo Kotler, os Empregados podem ser:

1. Embaixadores Defensores: tem o nível mais alto e ativo de comprometimento com a empresa. Comportam-se e comunicam-se consistentemente de forma positiva dentro e fora da empresa.

2. Leais Positivos: nutrem sentimentos positivos e tem forte intenção de seguirem na empresa. Embora não se manifestem com frequência, as mensagens são em ampla parte positivas à empresa.

3. Colaboradores Positivos: em geral satisfeitos. Transmitem externamente mensagens em geral positivas ainda que raras vezes, sem consistência.

4. Desinteressados: cumprem seu trabalho com relativa exatidão. Mas não estão interessados nos resultados da empresa nem em seus produtos. Não cultivam laços afetivos com a mesma, não transmitem interna ou externamente mensagens positivas a respeito dela. O trabalho é apenas um mero emprego do momento.

5. Sabotadores: apesar de receberem salários, totalmente insatisfeitos com a empresa, são seus detratores contumazes, dentro e fora da mesma, acusando e difamando-a, inclusive a clientes. 
Evidentemente se chegaram a esse ponto, não existe razão para seguirem trabalhando na organização.

O desafio é justamente alçar os Empregados a níveis mais altos, degrau a degrau, de Desinteressados a Embaixadores Defensores. Como consequência, seus Clientes também irão galgar o crescendo de 5 níveis, de Satisfeitos a Proprietários:

1. Satisfeitos: tem suas expectativas plenamente atendidas pelo produto/serviço comprado/contratado.

2. Engajados: recebem substancialmente mais satisfação. Foram "encantados" pelo fornecedor. 

3. Defensores: sentem-se bem em recomendar a empresa a amigos e conhecidos de tão bem atendidos. São os principais vetores da propaganda positiva boca-a-boca. 

4. Cocriadores: quando lhes é dada a oportunidade de contribuir para melhorar os produtos da empresa. 

5. Proprietários: sua experiência com o produto ou serviço foi tão positiva que não apenas voltam a comprar/usar, como declaradamente se dispõem a relatar aos outros, conhecidos ou não, sua experiência positiva. Sentem-se parcialmente "donos" da empresa.

Portanto quando uma empresa trata seus Empregados como gostaria que eles tratassem seus Clientes, incute na mentalidade deles a filosofia correta do bom-tratamento de Clientes e está ajudando ambos a galgarem seus respectivos degraus. 

É nítida a relação desse conceito com o programa de Vineet Nayar como CEO da HCLT e descrito em seu livro "Primeiro os Colaboradores, depois os Clientes".

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100 Livros Fundamentais para os Executivos - HSM

   
Mais uma lista bacana! :)

A revista Management da HSM desse bimestre é uma edição especial, pois é a número 100, depois de 17 anos de publicação.
Essa edição especial vem com 4 listas especiais de "100" temas importantes.
Uma delas, uma lista de "100 Livros Fundamentais para os Executivos".

A matéria começa citando Mario Quintana: 
"Livros não mudam o mundo, mas mudam as pessoas. Quem muda o mundo são as pessoas."

Segundo a revista, a lista foi composta baseada em um mistura da experiência dos próprios executivos da HSM, listas da Forbes e o livro Os 100 Melhores Livros de Negócios de Todos os Tempos de Jack Covert e Todd Sattersten.

Confira a lista (para alguns, as resenhas estão nos links):

1. A Arte da Guerra - Sun Tzu
2. A Arte da Inovação - Tom Kelley
3. A Arte da Possibilidade - Rosamund & Benjamin Zander
4. A Arte da Visão de Longo Prazo - Peter Schwartz
5. A Arte de Fazer Acontecer - David Allen
6. A Arte do Começo - Guy Kawasaki
7. A Ascensão da Classe Criativa - Richard Florida
8. A Cauda Longa - Chris Anderson
9. A Disciplina dos Líderes de Mercado - Michael Treacy Fred Wiersema
10. A Estratégia do Oceano Azul - Chan Kim & Renée Mauborgne
11. A Hora da Verdade - Jan Carlzon
12. A Imaginação do Marketing - Theodore Levitt
13. A Lógica do Cisne Negro - Nassim Taleb
14. A Quinta Disciplina - Peter Senge
15. A Revolução Decisiva - Peter Senge
16. A Riqueza na Base da Pirâmide - C.K. Prahalad
17. A Sabedoria das Multidões - James Surowiecki
18. A Técnica dos Seis Chapéus - Edward DeBono
19. A Terceira Onda - Alvin Toffler
20. A Vaca Roxa - Seth Godin
21. Administração de Marketing - Philip Kotler
22. Comportamento Administrativo - Herbert Simon
23. Além das Fronteiras do Core Business - Chris Zook
24. Blur: a Velocidade da Mudança da Economia Integrada - Stan Davis & Christopher Meyer
25. Business Lessons from a Radical Industrialist - Ray Anderson
26. Capital Intelectual: a Vantagem Competitiva das Empresas - Thomas Stewart
27. Cinco Mentes para o Futuro - Howard Gardner
28. Wikinomics: como a Colaboração em Massa pode Mudar o seu Negócio - Don Tapscott
29. Como Chegar ao Sim - William Ury
30. Competindo pelo Futuro - C.K. Prahalad & Gary Hamel
31. Construindo Marcas Fortes - David Aaker
32. Estratégia Empresarial - Igor Ansoff
33. Cradle to Cradle - William McDonough & Michael Braungart
34. Criação de Conhecimento na Empresa - Ikujiro Nonaka & Hirotaka Takeuchi
35. Dedique-se de Coração: Starbucks - Howard Schultz
36. Descobrindo a Essência do Negócio - Leonard Berry
37. Descubra seus Pontos Fortes - Marcus Buckingham & Donald Clifton
38. Driven - Paul Lawrence & Nitin Nohria
39. Estratégia Competitiva - Michael Porter
40. Execução - Ram Charan & Larry Bossidy
41. Gestão Estratégica de Pessoas com Scorecard - Dave Ulrich, Brian Becker & Mark Huselid
42. Empresas feitas para Vencer - Jim Collins
43. Hot Spots - Lynda Gratton
44. Inovação Aberta - Henry William Chesterbrough
45. Inteligência Emocional - Daniel Goleman
46. Just do it - Donald Katz
47. Liderança Aberta - Charlene Li
48. Liderança Radical - Steve Farbertt
49. Liderando Mudança - John Kotter
50. Made in Japan - Akio Morita
51. Desvendando o Dia a Dia da Gestão - Henry Mintzberg
52. Managing Across Borders - Christopher Barlett & Sumantra Ghoshal
53. Megatendências - John Naisbi
54. Motivação 3.0 - Dan Pink
55. Nascimento da Era Caótica - Dee Hock
56. O Dilema da Inovação - Clayton Christensen
57. O Estrategista em Ação - Kenichi Ohmae
58. O Futuro da Competição - C.K. Prahalad & Venkat Ramaswamy
59. O Futuro da Administração - Gary Hamel 
60. O Gestor Eficaz - Peter Drucker
61. O Mundo é Plano - Thomas Friedman
62. O Novo Mundo das Marcas - Scott Bedbury
63. O Poder da Persuasão - Robert Cialdini
64. O Ponto da Virada - Malcoln Gladwell
65. O Sistema Toyota de Produção - Taiichi Ohno
66. A Formação do Líder - Warren Bennis
68. Os 5 Desafios das Equipes - Patrick Lencioni
69. Out of Control - Kevin Kelly
70. Paixão por Vencer - Jack Welch
71. Perdendo minha Virgindade - Richard Branson
72. Poder: por que alguns tem - Jeffrey Pfeffer
73. Posicionamento - Al Ries & Jack Trout
74. Prática da Administração de Empresas - Peter Drucker
75. Previsivelmente Irracional - Dan Ariely
76. Princípios de Administração Científica - Frederick Taylor
77. Redefinindo a Estratégia Global - Pankaj Ghemawat
78. Reengenharia - Michael Hammer & James Champy
79. Saia da Crise - W. Edward Deming 
80. Made in America - Sam Walton
81. Steve Jobs - Walter Isaacson
82. Talent - Edward Lawler
83. A Era da Descontinuidade - Peter Drucker
84. A Era da Irracionalidade - Charles Handy
85. A Estratégia em Ação - Robert Kaplan & David Norton
86. A Vantagem Competitiva das Nações - Michael Porter
87. Autenticidade - Joseph Pine & James Gilmore
88. A Meta - Eliahu Goldratt
89. The Great Game of Business - Jack Stack
90. The HP Way - David Packard
91. Profissão: Investidor - Benjamin Graham & Jason Zweig
92. The Singularity is Near - Ray Kurzweil
93. A Arte de Cultivar Líderes - Bill Conaty & Ram Charan
94. Uma Questão de Caráter - Joseph Badaracco Jr
95. Vencendo a Crise - Tom Peters
96. Vendendo o Invisível - Harry Beckwith
97. Vida Digital - Nicholas Negroponte
98. Reinventando o seu próprio Sucesso - Marshall Goldsmith
99. Quem disse que os Elefantes não dançam? - Louis Gerstner
100. Vamos às Compras - Paco Underhill

Uma excelente fonte de inspiração. Boas dicas de leitura!

Obviamente, cada pessoa pode ter sua opinião de quais livros deveriam ou não deveriam estar em uma lista como esta.
Pessoalmente fico feliz em ter lido 25% e resenhado 13% deles.

Abraços e boa leitura!

:)
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Ser Encontrado ou ser Visto?

   

Você prefere ser encontrado ou ser visto? (Eis a questão!)

Essa semana, o prof. Seth Godin em seu blog, nos relembra que no mundo pós-mecanismo de busca, muito mais que ser encontrável, o importante é ser visto.

Com algum esforço de SEO - Search Engine Optimization - usando palavras-chave específicas no título de um livro por exemplo, muito facilmente você pode ter sua obra encontrada nos mecanismos de busca na internet. Isso não significa que o conteúdo seja, de fato, relevante, que seu livro seja "bom".

Uma boa opção seria escrever um livro que, de fato, falasse algo relevante que, sozinho fizesse com que as pessoas falassem dele.

Bom ser encontrado, essencial ser visto.

Sensível diferença!

Já era boa ideia antes, mas agora na era do pós-mecanismo de busca do mobile e do social, passa a ser a melhor ideia.

Concorda?

Confira o post na íntegra (inglês).

:)

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Pensando no Chuveiro - Theodore Kinni

   
(imagem: aquanotes)

- Por que tenho as melhores ideias no chuveiro?

Com essa pergunta começa Theodore Kinni, colunista do Strategy+Business, um interessante post sobre ideação, caos controlado e inovação.

Segundo ele, depois de ler The Chaos Imperative (CrownBusiness, 2013) de Ori Brafman e Judah Pollack (ainda sem edição em português, Set/13), ficou muito mais claro entender porque tantas de suas melhores ideias nasceram enquanto tomava uma ducha.

Se de um lado hierarquia e estruturas formais são essenciais (ou até recentemente eram...) para coordenação e controle nas médias e grandes organizações, são também limitadores de criatividade, ideação e inovação. Os autores defendem que um certo "caos controlado" é necessário mesmo nas mais organizadas estruturas para que ideias brotem: tempo livre, áreas de "descompressão", reuniões sem pauta, white spaces

É sabido pelos neurologistas que nosso cérebro está sempre trabalhando. Aliás, quando aparentemente não estamos fazendo nada, é que ele está trabalhando mais intensamente, uma vez que pode usar todo seu potencial de conexões. Toda vez que interrompemos nosso cérebro para realizar alguma tarefa, reduzimos essa capacidade de conectar coisas, conceitos, resolver problemas.

Pois bem. Uma vez que aprendemos a tomar banho a ponto virar algo intuitivo, autômato, automático, reflexo, nosso cérebro não precisa se preocupar enquanto realizamos a tarefa, ou seja, sobra mais capacidade de conexão disponível e aí ideias fluem, sobretudo as de trabalho que normalmente nos incomodam dias a fio. O cérebro conecta informações externas recentes, aprendidas, vividas com aquilo que já possui armazenado. E nessa conexão gera ideias que podem ser a solução para os problemas mais complexos. O banho é um perfeito white space para ter ideias.

Se você ainda não passou por essa experiência de sacar uma ideia do chuveiro, ou não está suficientemente desconectado... ou ainda não aprendeu tomar banho sem prestar atenção no passo-a-passo!

Brafman e Pollack contam diversas experiências de white space inclusive com o Exército Americano, uma organização em tese 100% comando e controle, zero white space, mas que renderam frutos positivos.

Se você busca incentivar a inovação ou pelo menos a ideação em sua organização (quem não está!), Brafman e Pollack dão 4 dicas:

1. Use com moderação - antes de fazer um white space, mentalize o objetivo, o problema específico para qual busca solução. Do contrário, o cérebro vai aproveitar o tempo livre para processar qualquer outra prioridade que ele já tinha.

2. Limite - pergunte às pessoas se o tempo é suficiente ou excessivo para o white space.

3. Exercício - uma vez que a movimentação do corpo não requer uso adicional do cérebro, fazer exercício é ideal para duas coisas: manutenção física do corpo e... ter ideias!

4. Micro white spaces - quando perguntar coisas às pessoas, dê-lhes pelo menos 20 segundos para pensar. Esses micro white spaces ajudam o cérebro organizar respostas conectando conceitos relevantes. Também quando houver alguma sessão de brainstorming, convém explicar o motivo da reunião em breves palavras e depois dar um par de minutos em silêncio para as pessoas presentes pensarem sobre o tema. Isso gera um micro white space que serve de incentivo ao storming.

O assunto tem bastante conexão com o tema central do livro Rework de Jason Fried e David Hansson. 

Legal que algumas pessoas (como eu) também tem boas ideias enquanto sonham. Outro white space incrível. Nesse caso bom ter material de anotação na cabeceira da cama. Ao acordar, se a ideia estiver "fresca", bom anotar/desenhar logo. Porque tão logo o cérebro acorda e se ocupa com outras coisas, as ideias, por mais brilhantes que sejam, "evaporam". Primeiro anote/desenhe as ideias como vem a mente, independente da ordem ou se tem nexo ou não. Depois relendo/revendo o cérebro "acha" as conexões de novo. Garanto. Experimente!

Então 'bora pro chuveiro! Cantar um pouco! :)

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