Título: A Cauda Longa
Autor: Chris Anderson
Tradução de: The Long Tail
Editora: Campus-Elsevier
Ano: 2006
Páginas: 240
ISBN/EAN: 9-788535-221831
Notas da Editora:
"Chris Anderson, editor chefe da revista Wired, explorou pela primeira vez o fenômeno da Cauda Longa em um artigo que se tornou um dos mais influentes ensaios sobre negócios de nosso tempo.
Usando o mundo dos filmes, dos livros e da música, mostra que a Internet deu origem a um novo universo, no qual a receita total de diversos produtos de nicho, com baixo volume de vendas, é igual à receita total de poucos produtos de grande sucesso. Por isso cunhou o termo “cauda longa” para descrever essa situação de o qual tem sido usado pela alta gerência das empresas e pelos meios de comunicação no mundo todo.
Nesse livro, Anderson mostra como chegamos a esse ponto e revela as enormes oportunidades que se originam desse fato, vislumbrando um futuro que está presente."
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Comecei a ler esse livro pela quantidade de vezes que é citado em "O que a Google faria?" de Jeff Jarvis, e depois de lê-los, cheguei a uma conclusão pessoal que os dois livros, mais "Marketing 3.0" de Philip Kotler formam, em minha opinião, a tríade de livros que mais tem a dizer do futuro dos negócios dos próximos anos.
Pois bem. Mas do que trata, afinal, "A Cauda Longa"?
O capitalismo de escala nos acostumou à Economia da Escassez. Para poder ser competitivo um produto/serviço precisa ter escala. E para ter escala, a quantidade de opções precisa ser limitada. Portanto não apenas as quantidades disponíveis de um determinado produto podem ser escassas, mas também e principalmente a quantidade de opções de modelos/variantes é extremamente limitada. Um fabricante pode até ter alguns modelos ou opções de cores "a mais", mas certamente não tem escala suficiente para serem rentáveis e logo são descontinuados ou são produzidos em escala/edição limitada.
Ok. Isso vale, ou valia para a Economia baseada nas lojas físicas, de tijolo-e-argamassa, o mercado dos hits.
Com o advento e popularização da internet, essa Lei da Economia da Escassez, já não faz mais sentido.
Seja pela oportunidade de redução de custos de armazenagem de itens de baixo giro, no caso do varejo on-line (lojas virtuais) vendendo itens físicos, seja pelo custo de armazenagem próximo do zero no caso de itens digitais (músicas e filmes on-line p.ex.). Nesse caso, a pressão economica por necessidade de escala vai por água abaixo. No caso de produtos digitais (arquivos mais precisamente), não faz nenhum sentido não ter ampla variedade. Pelo contrário, os consumidores de produtos de nicho, sabem da dificuldade de encontrá-los no varejo de tijolo-e-argamassa e justamente na internet que vão comprá-los com a providencial ajuda dos buscadores.
Portanto nessa nova Economia da Abundância, o mercado de massa dá lugar aos micro-mercados, o mercado da massa de nichos. Novos conceitos surgem: "massclusivity" (exclusividade em massa), "mass customization" (customização em massa), "narrowcasting" (em oposição ao broadcasting).
Mas por que "Cauda Longa" ?
O Autor não inventou o termo - uma característica estatística - mas foi pioneiro em usá-lo para definir o comportamento da demanda desse novo mercado. Ele primeiro usou-a em um congresso, depois começou a discuti-la melhor em seu blog: http://www.longtail.com/ que o levou a escrever o livro.
Bem resumidamente, se você colocar em um gráfico de demanda (ou venda) x número de produtos disponíveis em uma determinada categoria, certamente a curva vai se apresentar como uma "cabeça" compacta e uma cauda longa. Assim:
Ou seja, uns poucos itens, como sempre, são os mais populares. Até ai, sem novidade, qualquer curva de distribuição 80/20 diz isso. Mas o que Anderson descreve é que o fim da curva NÃO termina abruptamente. Ou seja, mesmo os itens de baixa demanda demoram muito a chegar em zero. E mais! A Soma da demanda desses itens, em tese, de baixa venda/demanda, pode ser MAIOR que a soma da venda/demanda daqueles poucos hits mais vendidos. Isso porque 98% dos itens de cauda longa vendem, pelo menos UMA unidade. Imagine isso em produtos digitais, em que o custo de guardar/vender uma música mp3 é a mesma que milhões? Ou, se preferir um e-commerce de produtos físicos, imagine poder oferecer uma infinidade de produtos mesmo sem tê-los em estoque, mas vendendo-os sob encomenda ?
Aliás já é o que fazem várias livrarias on-line. Para itens de baixo giro, oferecem prazo de entrega mais dilatado, porque na verdade NÃO tem o produto em estoque (para baixar custo) e vão ainda encomenda-lo no faricante/distribuidor.
Portanto, sendo um varejo puramente virtual (produtos digitais), ou um varejo híbrido (produtos físicos vendidos on-line), a tendência é a curva deslocar a demanda cada vez mais em direção à cauda. Por isso, a Cauda Longa!
Por isso, mesmo os varejistas tradicionais (produtos físicos vendidos em lojas de tijolo-e-argamassa) precisam reinventarem-se para poderem concorrer no mercado da Cauda Longa, onde vale a Economia da Abundância. Quem fechar os olhos para esse fenômeno, perderá mercado no futuro de médio prazo.
Portanto relaxe, Consumidor, se o que você quer é algo muito específico, de nicho. Questão de tempo e ALGUÉM vai acabar tendo algo para lhe oferecer com qualidade. A Cauda Longa vai te pegar!
Em 2012, a obra recebeu uma versão em formato "quadrinhos", para a cauda longa de público leitor. Vale conferir também.
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