Gratidão - Gary Vaynerchuk

Título: Gratidão
Autor: Gary Vaynerchuk
Tradução de: The Thank You Economy
Editora: Lua de Papel
Ano: 2011
Páginas: 191
ISBN/EAN: 9-788563-066732
Avaliação < / >. :
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Um excelente livro. Já entre meus favoritos.

Basicamente segue o contexto do primeiro livro de Gary Vaynerchuk - Vai Fundo! - mas agora de um ponto-de-vista mais abrangente. No primeiro, Gary tenta mostrar que a paixão de cada um pode virar um negócio, um modo de viver e fazer dinheiro. 
Em The Thank You Economy ("A Economia do 'obrigado' " em tradução livre direta), Vaynerchuk vai um passo além: explica que na verdade o mundo todo está mudando, de forma que os negócios do futuro (presente!?) também vão seguindo cada vez mais paradigmas de um negócio do tipo "vai fundo!". Ou seja, não apenas para Start-ups baseadas em paixões de seus fundadores espera-se maior engajamento de consumidores, encantamento, serviços gratuitos e vendas posteriores, como consequência de médio-longo prazos, mas também as empresas tradicionais precisam entender e começar a se adaptar à nova realidade, a Sociedade da Gratidão e à Economia da Gratidão por consequência. (Particularmente acredito que o título deveria ter sido traduzido como "Economia da Gratidão", porque só 'Gratidão' parece livro de auto-ajuda, religião, exoterismo, mas... é típico do mercado editorial brasileiro, jogar tudo no mesmo balaio: auto-ajuda e administração... fazer o que!?).

As empresas precisam de alguma forma encontrar uma CAUSA com a qual os prováveis consumidores identifiquem-se. Assim geram vínculos legítimos e mais duradouros do que nas simples relações comerciais de compra-venda. Dessa forma, com uma CAUSA, os "clientes" passam a interagir com a empresa-marca, sentindo-se Membros de uma Comunidade, opinando, criticando, sugerindo, cocriando, de forma mais aberta, direta e transparente.

Com base em sua experiência pessoal como empreendedor ativo nas redes sociais, Gary conta como adaptar sua empresa - start-up ou tradicional grande ou não - à realidade e demandas dessa nova Economia da Gratidão. Uma vez, sentindo-se Membros de uma Comunidade, com voz ativa, participando, criando, sugerindo, os consumidores acabam até comprando seu produto ou tomando seu serviço. Note a ênfase no "até". Veja a mudança de foco: produtos e serviços (e sua venda) deixam de ser a FINALIDADE principal da empresa e passam a ser CONSEQUÊNCIA, RESULTADO de uma finalidade MAIOR: compartilhar uma Causa, Conhecimento, Ferramentas, etc. com seu público. Um exemplo típico, exemplificado também por Jeff Jarvis (em 'O que a Google faria?' e 'Grátis'), em que o dinheiro "entra pela janela e não pela porta" é o Google. Os "produtos" são consumidos grátis. Nem por isso tem baixa qualidade. Mas quem "paga" pelo negócio e sua qualidade são os anunciantes.

O conceito tem muita aderência também com a ideia de Marketing de Valores acima do Marketing de Marcas, Produtos, etc., conforme já teorizou Philip Kotler em seu recente Marketing 3.0.

Vaynerchuk explica em detalhes no livro todos os desafios de se aceitar a nova realidade e as dificuldades que as empresas passam ao tentar migrar para essa nova realidade.

Tudo mudou. Menos a natureza humana.

Antes da economia da Indústria e da Mídia, nós comprávamos por influência de outras pessoas, conhecidas em sua maioria. Por isso o verdureiro, o açougueiro, o alfaiate, o padeiro de bairro tinha enorme atenção em atender. Pois o boca-a-boca do bairro o faria vender mais. Depois veio a concorrência da Indústria de Massa que acabou com o comércio local e silenciou o boca-a-boca. Bastava anunciar na Tv que o produto vendia. O próximo passo foi a concorrência globalizada.

Felizmente, algumas coisas estão mudando. Com a Internet e as Mídias Sociais, o boca-a-boca "dos tempos do bairro" não só voltou, como voltou com penetração mundial. As pessoas buscam mais e mais, a opinião das outras antes de comprar, até mesmo opinião de pessoas que não conhecem pessoalmente. Portanto a mídia tradicional, unidirecional perde força. Por isso, as empresas precisam alterar não apenas sua forma de fazer Marketing, mas de como gerenciar seus negócios, voltando aos paradigmas de ATENÇÃO dos bons verdureiros, açougueiros, alfaiates e padeiros de bairro de cem anos atrás.

Os empresários de hoje precisam pensar como os donos de pequenas lojas de 1900, agir à moda antiga. Mas o maior empecilho para as empresas (principalmente as maiores) de hoje é a visão  no curto prazo e ai, agir à moda antiga não apresenta um retorno (ROI) tão bom imediatamente. Então algumas empresas, até cientes desse fenômeno preferem esperar um pouco até que seu mercado, seus concorrentes comecem a fazê-lo. O mesmo passa com Sustentabilidade. Todos sabem do problema, mas não querem ser os primeiros a pagar por ele. 

Vaynerchuk nos lista os principais problemas ou argumentos contrários nas empresas em aceitar a Economia da Gratidão e a necessidade de abraçar as Mídias Sociais em seu negócio:

1. Não dá ROI.
2. As estatísticas (online) não são confiáveis. (Por acaso as offline são?)
3. Mídias Sociais ainda são um fenômeno novo. Temos tempo para entrar depois.
4. Mídias Sociais são tendência passageira, é moda, é hype. (as plataformas podem até ser, o futuro dirá, mas a Postura e a Natureza Humana não...)
5. Precisamos controlar a mensagem... e os consumidores. (Esqueça! Os consumidores já controlam sua marca na internet. A questão é se você vai querer participar e defender o correto ou deixar ao sabor dos ventos...)
6. Não temos tempo e não queremos pagar alguém para gerenciar ou operar. 
7. Estamos muito bem sem. (Hoje! Mas e amanhã...?)
8. Já tentamos. Não funciona. (Como sabem se tentaram certo e por tempo suficiente?)
9. Envolve questões legais complicadas. (Isso não pode ser empecilho. Para fazer uma venda qualquer depto Jurídico se empenha em achar brechas e suportes legais. Sabem bem como fazer)
10. Demora muito para dar retorno.
11. Não funciona para nosso mercado/produto. É para produtos fashion ou tecnológicos. (A Zappos faz isso com calçados. O próprio Gary com vinhos. Fashion? Techie?)

No final ele resume algumas ideias/conceitos de como ganhar na Economia da Gratidão, que vale citarmos:

. Tenha atenção com seus: Clientes, Funcionários e Marca(s).
. Crie um sentido de Comunidade em torno de sua Marca.
. Se for pequeno, aja como grande. Se for grande, aja como pequeno. 
(Adoro essa. 100% SunTzu).
. Tenha a iniciativa nas Mídias Sociais. Mostre a cara. Dê valor a qualidade de interações e seguidores, não a quantidade.
. Fale na linguagem do seu cliente, não no jargão interno ou da indústria/mercado.
. Seja autêntico on-line quanto off-lineImporte-se antes. Tente vender talvez depois.
. Não tenha medo de engatinhar antes de andar. Comece, não espere. Comece. Comece...Comece!
. Invista em sua Equipe. Introduza a cultura da Atenção (com o cliente). Contrate pessoas com o mesmo modo de pensar, não adianta ensiná-las do contrário quando se trata de Valores.
. Comprometa-se. E encoraje sua Equipe ser direta, criativa e generosa (com todos).
. Permita que seus Clientes o ajudem a moldar sua Marca. Mas nunca que lhe ditem a direção.
. Dirija as iniciativas de Marketing com emoção e criatividade.

Assim, sua audiência lhe será GRATA. E no final... pode ATÉ comprar algo de você. Por confiança e gratidão.

Não por acaso, 'Gratidão' foi eleito pelo site especializado em livros de negócios 800-CEO-read como "Livro do Ano" na categoria Marketing & Vendas. Veja a lista completa aqui.


Indico a leitura principalmente a quem está abrindo um novo negócio, a profissionais de empresas tradicionais que ainda não estão seguros da aplicabilidade das Mídias Sociais aos seus negócios e a profissionais de Marketing que sofrem com a dificuldade de convencer pares e superiores na organização de que o "mundo mudou" e que as Mídias Sociais são mais Oportunidade que Ameaça, se bem conduzidas.

Este livro está entre meus Recomendados sobre Empreendedorismo. Confira a lista aqui.

Saiba mais no site do Autor.
Ou siga-o pelo Twitter: @garyvee


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5 comentários:

  1. Los usuarios/clientes hemos cambiado, hoy en día vamos a las tiendas y sabemos más que los propios dependientes, las marcas ya no nos dirigen, pues ahora somos nosotros, los consumidores, los que decidimos si es una buena marca para nosotros o no. Pasó a mejor vida la comunicación unidireccional, el salto al 2.0 nos ha dado voz y voto y por fin somos nosotros los que decidimos que producto/servicio queremos consumir. Las marcas que tardan en adaptarse están perdiendo mucho tiempo.

    André te felicito por la reseña.

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    1. Isabel Gareta25 março, 2012

      Isabel Gareta

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    2. Gracias, ISABEL por sus comentários y felicitaciones.

      Tienes toda la razón. Los tiempos son otros para ventas y marketing/comunicación. Las empresas no manejan más sus marcas, no las controlan más. En mejor caso ententan direccionar los consumidores, que estos si, manejan las marcas encuanto percepción.
      Ojala las empresas logren entender esto rápido.
      Suerte de las que ya entenderon y ya están adaptandose a la nueva realidad.
      Suerte de nosotros que ya discutimos esto ahora! :)
      Gracias otra vez. Siempre bienvenida a comentar!
      :)
      < / >.

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  2. Parabens pela resenha André.

    Quando li o Vai Fundo! achei que o livro peca por ser mais auto-ajuda e fornecer dicas manjadas do que ser propriamente um livro de negócios.

    Já tinha abandonado a idéia de ler outros livros do Gary, mas fiquei curioso em dar uma olhada nesses dois.

    Abraços

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    1. Grato, DIEGO, pelos comentários.

      Respeito sua opinião.
      Sem dúvida, muitos livros de negócios tendem ser entendidos como auto-ajuda, principalmente porque muitas editoras percebem que vendem mais se os títulos tenderem mais para esse estilo que para gestão e negócios.

      Mas o fato é que, talvez a maior contribuição de "Vai Fundo!" seria a forma direta com que trata do assunto, mesmo que alguns conceitos possam ser consideradas "manjadas", mas o conceito do livro é muito bom e faz pensar.

      Nesse 2o livro, Gary acaba expandindo o conceito para um escopo mais amplo.
      Vale a leitura, sem dúvida.

      Por favor, caso venha a lê-lo no futuro, se tiver um tempinho, coloque suas impressões aqui. Super bem-vindas!

      Mais uma vez obrigado.
      :)
      < / >.

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