O Outro Lado da Inovação - Vijay Govindarajan & Chris Trimble

Título: O Outro Lado da Inovação
Autor: Vijay Govindarajan & Chris Trimble
Tradução de: The Other Side of Innovation
Editora: Elsevier-Campus
Ano: 2009
Páginas: 230
ISBN/EAN: 9-788535-241532
Avaliação < / >. :
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Um livro essencial para a fase de EXECUÇÃO de qualquer programa de Inovação.

Então você foi incumbido de gerenciar uma iniciativa de Inovação na sua empresa. Tem meta, orçamento, pessoas alocadas multidisciplinares, prazo, etc. Na reunião inicial, todo mundo empolgado, injeção de ânimos, muito powerpoint, pesquisas e relatórios de cenários... Enfim, um projeto empolgante, afinal é Inovação!

Ai vocês partem para o "mãos-a-obra" e logo começam os problemas: o pessoal não é exclusivo dedicado ao projeto, estão alocados em "força-tarefa", mas continuam com as mesmas atribuições originais em seus departamentos - e mesmas metas, diga-se de passagem. Ou são exclusivos-dedicados mas seus gestores anteriores não concordam com a nova alocação e já começam "jogar areia". O projeto, por ser inovador, não tem escopo "usual", com que as pessoas estão acostumadas a lidar no dia-a-dia, não tem métricas tão bem definidas, ou são contra-producentes para a engenharia ou produção. A turma-do-contra entra em campo. Porque estão atarefados com as metas rotineiras ou por ciúmes mesmo, porque o "Time de Inovação" agora tem prioridade em recursos ou atenção do CEO.

Já viu isso antes, não é mesmo?
Quantos não querem fugir de serem envolvidos em projetos de Inovação justamente por isso ?
Pois bem. Pensando em tudo isso e com base em anos de pesquisa com projetos de Inovação, os professores Chris Trimble e Vijay Govindarajan escreveram 'O Outro Lado da Inovação', ensinando COMO partir para a fase da Execução de uma iniciativa inovadora.

A ideia principal do livro é até bastante simples: 
 - As Empresas foram otimizadas para Desempenho e não para Inovação

A cada trimestre busca-se mais eficiência, maior volume de vendas, mais participação de mercado, menores custos, mais lucros. Todas as métricas, processos, métodos, recursos são otimizados para as operações e resultados de curto prazos. E toda vez que, por iniciativa e visão próprias ou por urgente imposição do mercado, uma empresa precisa inovar, não é usando os mesmos atributos aplicados na Eficiência que ela vai conseguir ser inovadora.

Então a primeira providência ao se iniciar um projeto de Inovação é separar o que os autores chamam de Máquina de Desempenho da Equipe Dedicada (à Inovação): a Máquina de Desempenho precisa continuar trabalhando focada na melhoria contínua da operação, mas sem medidas de ruptura intensas. Já a Inovação de ruptura deve ser encargo de um time dedicado a isso exclusivamente. A segunda parte é conduzir um Experimento Disciplinado.

Veja os 6 passos do processo de Execução eficiente:

Construa a Equipe

1. Divida o Trabalhoconforme explicado acima não deve ser a Máquina de  Desempenho a implementar a Inovação, até porque por cultura própria vai acabar "simplificando o teorema" ao usual de cada dia, não inovando em nada no final das contas. Novamente, que fique claro, que a Máquina de  Desempenho tem papel fundamental na operação da empresa, mas empregando o máximo de técnicas para melhorar o que já existe. Já para a Inovação, deve ser montado uma estrutura à parte. Pode até, aliás deve!, ter membros oriundos da Máquina de  Desempenho, pois sua experiência é de extremo valor, mas devem ser escolhidos talentos que tenham capacidade de pensar-fora-da-caixa e não apenas repetir o que já se faz. Esses membros podem vir "emprestados" em tempo parcial, com o custo pago ao time de origem pelo orçamento de Inovação, ou podem ser transferidos dedicados exclusivamente. Estabeleça uma "parceria" entre as duas Equipes, entendendo os limites da Máquina de Desempenho, que deve focar-se em manter a excelência nas operações em andamento, ajudando a Equipe Dedicada quando e onde necessário.

2. Monte uma Equipe Dedicada - com gente contratada exclusivamente para isso e mais pessoas transferidas ou emprestadas da Máquina. Cuidado: importante que deve haver gente de fora, do contrário, por mais imbuídos em inovar, os oriundos da Máquina tendem a formar uma "nova pequena" máquina de desempenho. Essa equipe deve ser montada como se fosse uma nova empresa, partindo-se do zero: reporte direto ao CEO, orçamento e métricas de avaliação específicos. Novamente, se for orçamento compartilhado ou métodos de avaliação iguais às da Máquina, cria-se uma "pequena" Máquina, não Inovação.

3. Administre a Parceria - use persuasão e cooperação com a Máquina. Comprar uma briga com a Máquina só vai minar o projeto. Obtenha ajuda de Executivos mais Graduados, um sponsor/coach caso o reporte direto ao CEO não acontecer. Em momentos de atrito, esse sponsor pode ser o apoio decisivo para patrocinar o time. Estude as pessoas e a cultura internas, antecipe atritos e conflitos.

Pronto, ânimos acalmados e expectativas alinhadas, hora de trabalhar:

Conduza um Experimento Disciplinado

4. Formalize o Experimento - foco no aprendizado primeiro, não no resultado. Formalize as metas, as assunções, os métodos e os resultados esperados. Depois faça revisões constantes ao longo do experimento, mas sempre anotando mudanças em metas, assunções, métodos e resultados.

5. Desmembre a Hipótese - elabore uma hipótese de registro bastante clara. Foco nas boas discussões e não nas boas planilhas. As ideias e conceitos nesse ponto valem mais que a acuracidade dos dados em si. Desenvolva um critério de avaliação personalizado.

6. Busque a Verdade - entenda as fontes de distorções. Lembre-se que suas expectativas podem (e devem) estar erradas de início, mas que o experimento pode trazer à luz novas conclusões proveitosas e realimentar o processo de investigação.


Portanto, mais que simplesmente ter "ideias" inovadoras, o segredo do sucesso da Inovação está na Execução. E mais uma vez, o que faz a diferença são Métodos como os explicados acima e naturalmente Pessoas. Nitidamente o tipo de talentos necessários a uma Equipe Dedicada de Inovação difere dos normalmente encontrados nas Máquinas de Desempenho. 

Ao final do livro os autores apresentam algumas Ferramentas de Avaliação úteis e também alguns Fundamentos Acadêmicos que podem ajudar a conduzir um Experimento Disciplinado.

Os autores apresentam também, uma lista ilustrativa de '10 Mitos sobre Inovação'. Essa lista fica para um post separado (dedicado?)

Sem dúvida um dos melhores livros que já li sobre Inovação e Execução. Muito bem estruturado e escrito. Digno de Mestres.

Parte dos conceitos do livro, Vijay explorou em sua palestra no ExpoManagement. Confira no link.
Também de Vijay Govindarajan, que está entre os '50 pensadores mais influentes de Negócios', conheça o conceito de 'Inovação Reversa e Glocalização'.

:)
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O Livro Negro do Empreendedor - Fernando Trías

Título: O Livro Negro do Empreendedor
Autor: Fernando Trías de Bes
Tradução de: El Libro Negro del Emprendedor
Editora: Best Seller
Ano: 2007
Páginas: 156
ISBN/EAN: 9-788576-841487
Avaliação < / >. :
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E então finalmente você resolveu empreender.

Muito bem! Você tem uma ideia infalível,  um produto revolucionário. Quer se livrar de ter chefe, quer ficar rico,  ou simplesmente quer ter mais tempo para sua vida pessoal, já que seu trabalho te drena tanto tempo e esforço. 
Certo? Muito bom!

Já leu dezenas de livros e revistas sobre Empreendedorismo. Navegou todos os sites de dicas, assistiu vídeos na internet, foi a eventos e palestras, cita os Gurus da inovação de cór. Já contou sua ideia revolucionaria apenas para dois ou três amigos, aos quais pediu máximo sigilo, pois você está para ser o próximo Jobs, Gates ou Zuckerberg e está absolutamente certo disso. Só basta ter o capital inicial e "pedir as contas" do seu emprego chato, dar adeus ao seu chefe mala e todas aquelas coisas entendiantes de empregado, para finalmente ser "dono do próprio nariz" e sair por ai distribuindo seu cartão de visitas:

   Fulano de Tal, Sócio-Diretor 
                                               ou Presidente

Ok. "Tá bonito".

Então é a hora correta de ler esse livro.

Na contra-correnteza de tudo que você já leu, viu e ouviu sobre empreender, ele vai convencê-lo finalmente... a desistir!

O espanhol (catalão! melhor dizendo) Fernando Trías de Bes, experimentado empreendedor e hoje conhecido escritor, cansado de ver tanto volume de publicações incentivando profissionais a empreender, mas poucas que mostrem o "lado negro", as coisas que dão errado e, acima de tudo, porque dão errado, resolveu por tudo que sabe no papel e publicou seu "Livro Negro do Empreendedor" com o objetivo de desestimular os inúmeros potenciais profissionais  que tentam empreender... errado.


Trías expoe, de forma extremamente clara, seus 14 FCF - Fatores-Chaves de Fracasso - ligados ao empreender. Estamos tão acostumados com os chamados Fatores-Chaves de Sucesso, que nunca ninguém se dá conta que estudando o Sucesso apenas, não se elimina o Fracasso, e sim o contrário, estudando o Fracasso pode-se eliminá-lo ou minimizá-lo.
O autor organiza seus 14 FCF em "14 Assaltos", como em uma luta de boxe (ou UFC/MMA como está agora na moda), em que ele pretende te mandar à lona com sua ideia ou produto infalível. Por outro lado, se depois de "14 assaltos", você ainda "estiver de pé", provavelmente você seja um verdadeiro Empreendedor, ao contrário dos 90% que acham o insucesso em até 2 anos depois de se lançar.

Vamos conhecer os "14 Assaltos" então:

1. Empreender com um motivo, mas sem uma Causa - ter uma ideia, odiar o chefe, querer ficar rico, estar desempregado, ou conhecer muito um mercado, podem ser Motivos para empreender, mas não são Causas para sustentar a empreitada em médio e longo prazos. Não empreenda pela "Síndrome da Tarde de Domingo", por falta de opção. 

2. Não ter caráter empreendedor - empreender é um Modo de Vida, não uma meta ou fonte de renda, nem mesmo um Modo de Trabalhar, é muito mais que isso, é uma forma de encarar o mundo, sentindo prazer com um certo nível de incerteza. Cuidado para não virar um Falso Empreendedor só porque tem uma ideia ou vontade e registra um CNPJ na Junta Comercial. "O empreendedor se move em um mundo incerto e inseguro para os que  trabalham para ele sintam-se em um mundo certo e seguro". Se não gosta da incerteza, não é empreendedor. Busque um trabalho melhor, mas não empreender. O empreendedor ama a incerteza. Não vive sem ela.

3. Não ser um lutador - todo empreendedor já cometeu um grande erro. Justamente porque gosta da incerteza se expõe ao risco e erra algumas vezes. Mas gosta disso, porque a luta lhe dá prazer mais que o resultado em si. Normalmente são pessoas já acostumadas à lutar desde tenras idades. São sobreviventes natos. Porque lutam. São auto-motivados, tem motivação intrínseca exacerbada. Se você busca a tranquilidade e o conforto, não empreenda, busque um emprego melhor.

4. Ter sócios sem necessidade - lição 1: não tenha sócios. Lição 2: não tenha sócios. Lição 3: não tenha sócios. Se precisa mais capital, busque um banco. Se precisa de habilidades complementares à suas, contrate profissionais, empregue. Se precisa de conselhos, contrate um consultor. Se tem medo, faça algum esporte. É inerente à insegurança do ser humano, buscar "companheiros de jornada". E se a insegurança te molesta, não empreenda, muito menos ponha mais gente no barco sem necessidade. Ainda mais em fases iniciais de um negócio, muitas decisões não podem ser democráticas, e quando se tem sócios que também trabalham, o consenso fica difícil e as decisões não saem. Um dos pontos fortes das empresas pequenas é seu processo rápido de decisão. Sócios só atrasam isso. Deve haver um que mande mais que os demais. Trías, que também já foi militar, ilustra muito bem ao citar a "solidão do comando". A solidão do comando te dá agilidade, essencial no mercado de hoje.

5. Escolher sócios sem critérios relevantes - não tendo outra forma, se sócios são inevitáveis, busque selecioná-lo(s) por seus valores éticos e não habilidades. Outra vez, habilidade se contrata, ética não se compra. Se o negócio não comportar contratar mais gente, o plano está furado. Refaça o plano contando com a despesa de mão-de-obra necessária.

6. Dividir resultados desproporcionalmente ao esforço investido - se algum sócio se dedica mais ao negócio deve retirar mais que o(s) que trabalha(m) menos. Isso deve estar claro logo de saída, porque o negócio muda, depois fica complicado mudar a regra do jogo.

7. Faltar confiança e comunicação entre os sócios - junto com o assunto acima, em havendo sócios a primeira coisa a se combinar não é como a empresa começa, mas como ela deve terminar. Em caso de dar errado, quem paga o quê. A partilha do ônus (ou bônus se der certo) deve ser acertado ANTES de começar, porque depois que der errado, ninguém quer "pagar o pato". Fato. E não precisa ficar inventando moda. Já existe legislação e boas práticas de sobra nesse tema.

8. Vincular o êxito à "ideia" - "Só um infeliz confia em sua ideia feliz". Passe a ideia pelo "filtro da estupidez". Faça-se a pergunta: "não fosse essa minha ideia, eu empreenderia do mesmo jeito?" Não se fixe no QUE vender ou fabricar, mas PORQUE as pessoas vão comprá-la ou usá-la.

9. Não conhecer ou não gostar o setor que for atuar - iniciantes não ganham Prêmio Nobel. Conheça o mercado onde vai empreender. Mas não é só isso, precisa gostar dele.

10. Atuar em setores não promissores - gostar de um mercado mas sem conhecer é fracasso na certa. Ainda mais se for um setor decadente. Estude antes de entrar. Pode ser que você esteja entrando justamente no momento que deveria sair!

11. Fazer o negócio girar em função de suas necessidades materiais pessoais - o objetivo principal do negócio, por menor que seja, é manter-se sustentável no médio e longo prazos, alinhado com sua missão, causa. O negócio não foi feito para te servir. Pelo contrário, você é que decidiu abrir o negócio por acreditar em uma causa e querer defendê-la. As metas de crescimento do negócios não devem ser norteados por suas metas pessoais de enriquecimento. Aliás, é possível que fique menos bem de vida no início.

12. Negligenciar o impacto na vida pessoal - como dito acima, o empreendedor não é servido pelo negócio, mas sim o serve. Não se iluda: quem empreende trabalha MUITO mais que um empregado. Quem tem emprego, pode "desligar o modo trabalho" após às 18h ou finais-de-semana e férias. O empregador ou empreendedor trabalha até quando dorme, pois sonha com seus desafios. Os problemas não saem de férias nem ninguém decide por você.

13. Modelo de negócio que não dá lucro logo e de modo sustentável - planeje o negócio de modo que possa já dar lucros no final do primeiro ano. Do contrário, como haverão - acredite haverão - acidentes não calculados, a empreitada corre o risco de morrer antes do previsto.  

14. Não saber a hora de sair - empreendedor é empreendedor, não um administrador. Administrar é racionalizar, reestruturar, buscar eficiência, reduzir custos. Empreender é emocional, passional, é gastar mais, é desenhar mapas onde não existem. Mas eventualmente o negócio vingou, deu certo e os anos iniciais de "fundação" se foram. Hora de começar a administrar. Se o empreendedor não tiver capacidade, ou melhor vontade, gosto pela monotonia da administração, deve "passar a bola": contratar um administrador profissional e partir para fazer o que gosta: começar, empreender. Se a contratação não parecer viável, a venda do negócio é também uma alternativa, até mesmo para os demais sócios. E nessa hora cuidado para não se tomar por emoções. Capitalizado, o empreendedor pode se dedicar ao que realmente gosta: começar OUTRA coisa. Outras emoções!

Se ao final dos 14 rounds você se sente MAIS motivado a empreender, vai fundo.

Se ficou na dúvida, pare, pense um pouco mais. Dê um tempo para as ideias se acomodarem. Repasse os rounds depois de uns meses.

Se "beijou a lona" ou "jogou a toalha", não esquente. Ao menos descobriu que não será empreendendo que você vai achar sua felicidade. Precisa sim, é buscar outro trabalho e logo!

Um livro extremamente esclarecedor. 
Li por indicação de um colega, a quem sou muito grato pela dica!
Aborda pontos que (quase) nenhum autor de Empreendedorismo toca. É um divisor de águas para quem tem dúvidas se deve empreender ou não. Ou não tem certeza do que quer profissionalmente, aprendendo a não misturar sentimentos: querer empreender ou querer apenas mudar de trabalho.

E ai? "Jogou a toalha"?

Saiba mais sobre Fernando Trías em seu site.

Este livro está entre meus Recomendados sobre Empreendedorismo. Confira a lista aqui.

:)
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Quebre as Regras e Reinvente - Seth Godin

Título: Quebre as Regras e Reinvente
Autor: Seth Godin
Tradução de: Poke the Box
Editora: Agir
Ano: 2012
Páginas: 118
ISBN/EAN: 9-788522-013098
Avaliação < / >. :
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"Qual foi a última vez que você fez algo pela primeira vez?
nos instiga o autor.

Seth Godin é na atualidade um dos mais profícuos autores de temas de Marketing e Empreendedorismo e seu blog (http://sethgodin.typepad.comum dos mais visitados do gênero.

Poke the Box (algo como "cutuque a caixa" em tradução livre) finalmente chegou ao Brasil como 'Quebre as Regras e Reinvente' e trata exatamente de Empreendedorismo e acima de tudo, o 'começar'. O livro não tem uma narrativa linear e, montado como se posse um blog, cheio de posts curtos sobre temas e abordagens diversas em torno de 'começar' e 'empreender', pode ser lido absolutamente em qualquer ordem. Escrito de forma direta e super simples de compreender, é leitura rápida e agradável, ideal para levar naquela sua viagem rápida, a negócios ou não, uma boa 'companhia' em avião.

A forma com que Godin nos passa a mensagem é fazendo-nos pensar. Você lê todos os "post" do livro como em um mosaico que o fazem pensar e concluir algumas coisas.

Pude concluir a seguinte mensagem: o mundo da industrialização nos levou nesse último século a uma sociedade da "média" e do "padrão". A industria requer tempos e movimentos calculados, padronizados. Tudo deve ser executado em um padrão seguindo uma média. Abaixo da média, a produção atrasa, acima da média, você gera "gargalo" na próxima etapa. Portanto, nos últimos tempos as escolas prepararam cidadãos-padrão, apenas medianos. Abaixo, não performam. Acima, complicam. Isso teve um efeito "achatador" na sociedade, principalmente na limitação da criatividade e da iniciativa. Porém, vivemos hoje a aurora de uma época diferente. Em que o trabalho padronizado está cada vez mais a cargo de máquinas, físicas ou virtuais. O real lugar do ser humano nessa nova sociedade estará cada vez mais no trabalho criativo e flexibilizado, que requer iniciativa e empreendedorismo. Portanto para empreender, devemos de uma forma ou de outra, COMEÇAR.

Ok que minhas conclusões podem (devem!) estar "contaminadas" com conceitos prévios meus, de outros livros e experiências, mas certamente o livro serviu de excelente amálgama para sedimentá-los (provavelmente).

Godin explica diversas facetas do começar: por que temos medo de começar; por que não temos disciplina em terminar; por que a sociedade sempre premiou a inovação, mas sempre criticou a iniciativa; por que fomos ensinados a temer o risco e buscar o conforto do padrão.

Abaixo algumas idéias do livro:
. Status Quo - trabalho não é chegar nele, mas inventá-lo.

. Medo - está impregnado em nós. Somos medrosos por natureza (por isso ainda estamos vivos!). Está em nosso cérebro pré-histórico, instinto de autopreservação. Evitar o risco, proteger-nos. "Em caso de dúvida... procure o medo. Ele é quase sempre a fonte de sua dúvida".

. Trabalho - mesmo os gênios, sempre trabalharam muito. Esteja presente, trabalhe por mais criativo e brilhante que possa se sentir. Os criadores mais férteis também eram (são) árduos trabalhadores. Muita tentativa e muito erro são a fonte da criatividade genial.

. Erros - cometa grandes erros. Normalmente os grandes erros são frutos de grandes empreitadas e suas lições não são menos grandes, sem dúvida. Mesmo que não dê em nada de início, grandes erros poupam muitos pequenos erros no futuro. Importante é aprender com os erros. E os grandes erros são os melhores "professores".  "A mudança é algo poderoso, mas vem sempre com o fracasso como companheiro". Mas nossa sociedade exagera o custo de estar errado. "O custo de estar errado é menor que não fazer nada". Em longo prazo, a pessoa que mais fracassos tem, também é a que mais sucessos tem, porque começa! São raríssimos os casos de sucesso nas primeiras tentativas. O fracasso no final das contas é o segredo do sucesso (!).

. Qualidade - "bom o suficiente" não é sinal de qualidade. Aliás, é. Mas qualquer fábrica na China poderá em breve fazer com igual qualidade "boa o suficiente" o que você faz, a um custo menor. "Zero defeito" não é diferencial. O consumidor de hoje espera isso como padrão. Para se destacar, precisa de iniciativa, que trás consigo erro e defeito. "Zero defeito" é "iniciativa zero". Quer fazer algo "melhor", assuma que pode ter defeitos... no início. Depois corra para eliminar esses defeitos. "Pare de esperar por mapas. A nova sociedade recompensa quem os cria, não quem os segue".

. Obediência - aprendemos que ser obediente é mais fácil. Por outro lado, nos deixa à mercê da estagnação. Longas são as listas do que não é permitido fazer. Mas a lista das coisas permitidas é muito difícil de ser lembrada e na dúvida, as pessoas não fazem nada. A sociedade industrial precisava da obediência. A nova sociedade já tem isso das máquinas. Dos seres humanos espera OUTRAS coisas!

Administrar - começar não significa controlar. Controlar é Administrar. Conceitos distintos. Ao iniciar, não comece com Administradores, comece com Iniciadores. Depois contrate os Administradores para fazer a "parte chata" e deixá-lo livre para começar outras coisas.

. Crescimento - empresas e instituições podem crescer muito apenas nos primeiros 5 anos. Depois disso crescem, mas não muito. Porque atingem uma certa estabilidade em que não querem mais assumir riscos, começam a "administrar", substituir pessoas, rever custos, padronizar procedimentos e perdem a capacidade de empreender e portanto "começar". Só conseguem continuar crescendo muito, as organizações que aprenderam a "quebrar regras" seguidamente, que começam repetidas vezes.

. Começar e Terminar - começar é o dom e o tom do empreendedor. Empreendedores são iniciadores por natureza. Mas terminar é na verdade parte do começar. Um começo sem término não é um começo, é só um hobby.

Falando em terminar, o livro fecha com uma citação budista interessante:

"Há dois erros que alguém pode cometer no caminho para a Verdade: 
Não COMPLETAR o caminho e não COMEÇAR." - Siddhartha Gautama

Este livro está entre meus Recomendados sobre Empreendedorismo. Confira a lista aqui.

Veja mais ideias do autor em seu blog e twitter.

Leia também resenhas de 2 de seus premiados livros:
. A Vaca Roxa (seu livro mais conhecido)

:)
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O Complô do 'Não'


Saiu no blog do Seth Godin essa semana um post interessante,
 'The Coalition of No' (traduzido/adaptado):

É fácil entrar para a "Turma do Não".


Existem milhões de motivos para dizer 'não' e poucas razões para levantar-se e dizer 'sim'.

Para o 'não' basta uma objeção, uma razão defensável para se evitar a mudança. O 'não' tem muitos aliados: qualquer um que tema o futuro ou se beneficie do estado presente.
E o 'não' é fácil de se dizer, porque na verdade você nem precisa de uma razão.

O 'não' é o caminho fácil para o poder, pois o 'sim' demanda posteriormente a responsabilidade, já o 'não' é a forma mais fácil de se bloquear a ação, exaltar sua posição e desacelerar as coisas.

O 'não' vem do medo e da ganância e, em muitos casos, da falta de abertura e atenção. Você não precisa prestar atenção ou fazer contas ou simular as consequências para juntar-se ao complô que prefere que as coisas fiquem como estão, porque decidiram não fazer o trabalho árduo de imaginar como as coisas ficariam.

Ainda assim, o 'Complô do Não' segue perdendo.

Vivemos agora no mundo do 'Sim', onde a possibilidade, a inovação e o querer preocupar-se, normalmente triunfam sobre as massas que se aquietam e voltam ao normal.

O 'sim' é o novo normal. E bem a tempo!

Boa reflexão. Faz lembrar-me de um Chefe que dizia: 
"Tenta lá. O 'não' você já tem. Quem sabe a resposta que vem não é um 'sim' ?"

:)
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The Best Business Books Ever

Título: The Best Business Books Ever
Editora: Basic Books
Ano: 2011
Páginas: 269
ISBN/EAN: 9-780465-022366
Avaliação < / >.: ««««

Uma boa publicação de 2011 em língua inglesa sobre Livros de Negócios é 
'The Best Business Books Ever' da Basic Books. Um típico livro "enciclopédico" para breves consultas. Se você tem gosto por livros "físicos" (como eu!), com cheiro de papel e gosta de ter em um único volume os resumos dos principais livros de negócios, esse livro é boa pedida.

Para cada obra, organizadas em ordem alfabética de título, dedica duas páginas contendo:
. Porque lê-lo
. Resumo
. Contribuição - com as 3 principais idéias/contribuições da obra para o pensamento dos Negócios
. Contexto
. Referência bibliográfica original

Abaixo, a lista dos 100 títulos resenhados no livro em ordem alfabética de título em inglês. Quando existente a publicação em Português, incluí também o título entre parêntesis:

Action Learning: Reg Revans
Administrative Behavior (Comportamento Administrativo): Herbert Simon
The Age of Discontinuity (Uma Era de Descontinuidade): Peter Drucker
The Age of Unreason (A Era do Paradoxo): Charles Handy
The Art of Japanese Management (As Artes Gerenciais Japonesas): Richard Pascale & Anthony Athos
The Art of the Long View (A Arte da Previsão): Peter Schwartz
The Art of War (A Arte da Guerra): Sun Tzu
A Behavioral Theory of the Firm (A Teoria da Firma): Richard Cyert & James March
Being Digital (Vida Digital): Nicholas Negroponte
Blur (A Velocidade da Mudança na Economia Integrada): Stan Davis & Christopher Meyer
The Borderless World (O Fim do Estado-Nação): Kenichi Ohmae
Built to Last (Feitas para Durar): Jim Collins and Jerry Porras
A Business and Its Beliefs (Uma Empresa e seus Credos): Thomas Watson, Jr.
Capital (O Capital): Karl Marx
The Change Masters (Classe Mundial): Rosabeth Moss Kanter
The Changing Culture of a Factory: Elliot Jaques
Competing for the Future (Competindo pelo Futuro): Gary Hamel and C. K. Prahalad
The Competitive Advantage of Nations (A Vantagem Competitiva das Nações): Michael Porter
Competitive Strategy (Estratégia Competitiva): Michael Porter
Complexity: M. Mitchell Waldrop
Co-opetition (Co-opetição): Barry Nalebuff & Adam Brandenburger
Corporate Strategy (Estratégia Empresarial): Igor Ansoff
Corporate-Level Strategy (Estratégia Corporativa): Michael Goold, Marcus Alexander & Andrew Campbell
The Discipline of Market Leaders (A Disciplina dos Líderes de Mercado): Michael Treacy & Fred Wiersema
Dynamic Administration: Mary Parker Follett
Emotional Intelligence (Inteligência Emocional): Daniel Goleman
The Fifth Discipline (A Quinta Disciplina): Peter Senge
The Functions of the Executive (O Papel do Administrador): Chester Barnard
General and Industrial Management (Administração Industrial e Geral): Henri Fayol
General Theory of Employment (Teoria Geral do Emprego): John Maynard Keynes
Getting to Yes (Como Chegar ao Sim): Roger Fisher & William Ury
The Goal (A Meta): Eliyahu Goldratt & Jeff Cox
How to Win Friends and Influence People (Como Fazer Amigos e Influenciar Pessoas): Dale Carnegie
The HP Way (Como Bill Hewllet e eu Construimos nossa Empresa): David Packard
The Human Problems of an Industrial Civilization (Teoria das Relações Humanas): Elton Mayo
The Human Side of Enterprise (Gerenciando o Lado Humano da Empresa): Douglas McGregor
In Search of Excellence (Em Busca da Excelência): Tom Peters & Robert Waterman
Information Rules (A Economia da Informação): Carl Shapiro & Hal R. Varian
Innovation in Marketing (Imaginação de Marketing): Theodore Levitt
The Innovator's Dilemma (O Dilema da Inovação): Clayton Christensen
Intellectual Capital (Capital Intelectual): Thomas Stewart
The Knowledge-Creating Company (Criação de Conhecimento na Empresa): Ikujiro Nonaka & Hirotaka Takeuchi
Leaders: Strategies for Taking Charge (Líderes): Warren Bennis & Burt Nanus
Leadership: James MacGregor Burns
Leading Change (Liderando Mudança): John Kotter
The Living Company (A Empresa Viva): Arie de Geus
The Machine That Changed the World (A Máquina que Mudou o Mundo): James Womack, Daniel Jones, &  Daniel Roos
Made in Japan (Made in Japan): Akio Morita
Management Teams (Papeis da Equipe): R. Meredith Belbin
The Managerial Grid (Novo Grid Gerencial): Robert Blake & Jane Mouton
Managing (Administração): Harold Geneen
Managing Across Borders (Gerenciando Empresas no Exterior): Christopher Bartlett & Sumantra Ghoshal
Managing on the Edge (Administrando no Limite): Richard Pascale
Managing Transitions (Transições): William Bridges
Marketing Management (Administração de Marketing): Philip Kotler
Megatrends (Megatendências): John Naisbitt
The Mind of the Strategist (O Estrategista em Ação): Kenichi Ohmae
Moments of Truth (A Hora da Verdade): Jan Carlzon
Motion Study: Frank Gilbreth
Motivation and Personality (Introdução à Psicologia do Ser): Abraham Maslow
The Motivation to Work: Frederick Herzberg, Bernard Mausner, & Barbara Snyderman
My Life and Work (Henry Ford por ele mesmo): Henry Ford
My Years with General Motors (Meus Anos com a General Motors): Alfred P. Sloan, Jr.
Natural Capitalism (Capitalismo Natural): Paul Hawken, Amory Lovins, & Hunter Lovins
The Nature of Managerial Work: Henry Mintzberg
The New Corporate Cultures: Terrence Deal &  Allan Kennedy
New Patterns in Management (Novos Padrões de Administração): Rensis Likert
On Becoming a Leader (A Essência do Líder): Warren Bennis
On the Economy of Machinery and Manufactures: Charles Babbage
On War (Da Guerra): Carl von Clausewitz
Onward Industry: James Mooney & Alan Reiley
The Organization Man: William Whyte
Organizational Culture & Leadership (Cultura Organizacional e Liderança): Edgar Schein
Organizational Learning: Chris Argyris & Donald Schon
Out of the Crisis (Saia da Crise): W. Edwards Deming
Parkinson's Law (A Lei de Parkinson): Cyril Parkinson
The Peter Principle (Todo Mundo é Incompetente, Inclusive Você): Laurence Peter
Planning for Quality (Qualidade desde o Projeto): Joseph Juran
The Practice of Management (Prática de Administração de Empresas): Peter Drucker
The Prince (O Príncipe): Niccolò Machiavelli
Principles of Political Economy (Princípios de Economia Política): John Stuart Mill
Principles of Political Economy (Princípios de Economia Política e Tributação): David Ricardo
The Principles of Scientific Management (Princípios de Administração Científica): Frederick Winslow Taylor
The Quest for Prosperity (Não Vivemos Somente pelo Pão): Konosuke Matsushita
Reengineering the Corporation (Reengenharia Revolucionando a Empresa): James Champy & Michael Hammer
Relationship Marketing (Marketing de Relacionamento): Regis McKenna
Riding the Waves of Culture: Fons Trompenaars & Charles Hampden-Turner
The Rise and Fall of Strategic Planning (A Ascensão e a queda do Planejamento Estratégico): Henry Mintzberg
Small Is Beautiful: E. F. Schumacher
Strategy and Structure: Alfred Chandler
Theory of Economic Development (Teoria do Desenvolvimento Econômico): Joseph Schumpeter
The Theory of Social and Economic Organization (Economia e Sociedade): Max Weber
Theory Z (Teoria Z): William Ouchi
The Third Wave (A Terceira Onda): Alvin Toffler
Toyota Production System (O Sistema Toyota de Produção): Taiichi Ohno
Up the Organization (Dane-se a Organização): Robert Townsend
Valuation (Avaliação de Empresas): Tom Copeland, Jack Murrin & Tom Koller
The Visual Display of Quantitative Information: Edward Tufte
The Wealth of Nations (A Riqueza das Nações): Adam Smith
The Will to Manage (Talento para Liderar): Marvin Bower

O escopo é bem aberto e alguns títulos são até clássicos demais, como Sun-Tzu, Machiavelli, Smith, Ricardo, Schumpeter, Weber, Marx, Taylor, Fayol, McGregor, Mayo, Keynes et al, incluindo não apenas Administração, mas Economia no escopo  "Negócios". Mas super válidos para inspirar ou relembrar a leitura e a consulta.

Para quem quer ter todos eles em um único volume, não quer buscar em wikipedia's e sim de uma forma mais romântica e vintage, sem limitações com o inglês, recomendo.

Se não é o seu caso, vale ao menos a "lista" para buscar online. Ok?

Grato. Abraços.

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